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Delator cita caixa 2 a Pezão, Paes, Lindbergh e Garotinho, diz revista

Delações da Odebrecht implicam políticos de diversos partidos - Rovena Rosa/Agência Brasil
Delações da Odebrecht implicam políticos de diversos partidos Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

10/12/2016 21h28

Uma nova delação de um executivo da Odebrecht pode implicar mais políticos, em sua maioria do Rio de Janeiro. Segundo a revista Veja, Leandro Andrade Azevedo, diretor da empreiteira, detalhou em seu depoimento pagamentos ao governador fluminense Luiz Fernando Pezão (PMDB), ao prefeito carioca Eduardo Paes (PMDB), ao senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e ao casal Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho (ambos do PR).

Dinheiro dentro e fora do Brasil para Pezão

De acordo com o site da publicação, o executivo da construtora, que era diretor de infraestrutura da empreiteira no Rio, relata que a Odebrecht desembolsou R$ 23,6 milhões em dinheiro e 800 mil euros por transferência bancária no exterior em caixa 2 para a campanha de Pezão em 2014. O montante em dinheiro teria sido entregue ao Renato Pereira, dono da agência de publicidade Prole.

As transferências, por sua vez, foram feitas para o banco Banif, em Bahamas, um paraíso fiscal. As doações teriam servido para garantir acesso direto a Pezão a fim de tratar de interesses da companhia. Algumas obras são citadas como objeto de intervenção de Pezão, como o metrô do Rio de Janeiro. O Maracanã também teria sido alvo de atuação do governador.

R$ 30 milhões para Eduardo Paes

Outro proeminente peemedebista do Rio envolvido na delação é o atual prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes. O político, que era conhecido como "Nervosinho" pelos executivos da construtora, teria recebido R$ 11,6 milhões em dinheiro e US$ 5,7 milhões no exterior de caixa 2 da campanha pago pela Odebrecht em 2012.

Parte do dinheiro foi entregue em espécie na agência Prole, no Rio de Janeiro. O objetivo da empreiteira era ter acesso facilitado ao prefeito durante seu mandato. Os valores, segundo o delator, eram acertados por outro diretor da Odebrecht, Bendicto Junior, diretamente com o prefeito.

Pedro Paulo (PMDB), candidato derrotado à Prefeitura do Rio neste ano, também participava das tratativas. Ao menos uma reunião chegou a ocorrer no endereço oficial da Prefeitura. O dinheiro enviado ao exterior tinha como destino contas em Bahamas e na Suíça.

Campanhas de Lindbergh Farias envolvidas

O petista Lindbergh Farias também foi citado por Andrade Azevedo. As campanhas do atual Senador para a Prefeitura de Nova Iguaçu, em 2008, e para o Senado, em 2010, teriam recebido R$ 3,2 milhões em caixa 2. Os valores teriam sido negociados diretamente com o senador e com o marqueteiro Carlos Rayel.

Parte dos valores foi paga em dinheiro vivo a Rayel. O interessa da Odebrecht pelo atual senador dava-se porque ele era considerado um político promissor, com possibilidade de um dia chegar ao Palácio do Planalto.

Casal Garotinho também recebeu agrados

O casal Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho foi acusado por Azevedo. De acordo com o diretor da Odebrecht, Rosinha elaborou licitações para a construção de casas populares em Campos dos Goytacazes, cidade onde era prefeita, com especificações que permitiam apenas a vitória da empreiteira.

Em troca, a construtora teria repassado um total de R$ 9,5 milhões em contribuições oficiais e repasses de caixa 2 a campanhas de Garotinho e Rosinha, entre 2008 e 2014. Deste montante, R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo foi para o caixa 2 da campanha de Rosinha em 2008. As doações se repetiram em 20012, também para Rosinha, e 2014, para Garotinho.

Políticos criticam vazamento e negam irregularidades

O governador Luiz Fernando Pezão informou, por meio de nota, que não irá comentar "informações vazadas e declarações seletivas". Todas as doações de campanha foram aprovadas pela Justiça eleitoral. Pezão não praticou ou autorizou ações fora da legalidade", afirma a assessoria do governador.

A assessoria da prefeitura do Rio disse que Eduardo Paes "não vai comentar informações baseadas em vazamentos de supostas delações não homologadas": "De qualquer maneira, nega que tenha praticado ou autorizado qualquer ato ilegal para arrecadação de fundos da sua campanha à reeleição em 2012. Paes reforça que todas as doações foram oficiais, feitas dentro da lei e suas contas de campanha foram aprovadas pela justiça eleitoral", diz a nota.

O senador Lindbergh Farias afirmou que desconhece a delação e, por isso, não tem como responder. O político, no entanto, lembrou que todas as suas contas de campanhas foram aprovadas. 

Em seu blog, o ex-governador fluminense Garotinho disse que não foi acusado e que a declaração do delator é fruto de ressentimento. Garotinho ainda afirma que pode se defender por meio de fartas provas.