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Com Serra, governo Temer tem saída de quase um ministro por mês

Serra é o oitavo ministro a deixar o governo Temer - Andressa Anholete/AFP
Serra é o oitavo ministro a deixar o governo Temer Imagem: Andressa Anholete/AFP

Do UOL, em São Paulo

22/02/2017 23h26

Com a saída de José Serra (PSDB-SP) do Ministério das Relações Exteriores, o governo de Michel Temer perde seu oitavo ministro em menos de um ano de mandato. A primeira formação do ministério de Temer foi empossada no dia 12 de maio de 2016, há nove meses. Dessa maneira, a equipe registra uma média de quase uma saída de ministro por mês.

Em carta divulgada pelo governo, Serra afirmou que pede demissão "em razão de problemas de saúde que são do conhecimento de Vossa Excelência". Não há detalhes sobre a doença do ex-ministro. No fim de dezembro, Serra --que agora reassume sua cadeira de senador --foi submetido a uma cirurgia de descompressão e artrodese da coluna cervical.

No começo do mês, Alexandre de Moraes (recém-desfiliado do PSDB) se licenciou do Ministério da Justiça após ter sido indicado por Temer para o lugar de Teori Zavascki no STF. Hoje, o Senado aprovou a indicação, e Moraes assume o posto em 22 de março.

No entanto, os casos de Serra e Moraes foram os únicos em que os ministros não deixaram seus cargos pressionados por denúncias ou polêmicas.

O primeiro a sair foi Romero Jucá (PMDB-RR), ainda em maio, poucos dias após Temer iniciar seu governo interino com o afastamento de Dilma Rousseff. Jucá ocupava a pasta do Planejamento e apareceu em gravações feitas por Sérgio Machado, delator da operação Lava Jato, falando sobre "estancar a sangria" provocada pelas investigações. O peemedebista retornou ao Senado e anunciou que apenas estava se licenciando do Ministério do Planejamento. Atualmente, ele é o líder do governo no Congresso.

Ainda em maio, foi a vez de Fabiano Silveira, da Transparência, Fiscalização e Controle, pedir demissão. Ele também apareceu em gravações feitas por Machado. No caso, Silveira dava conselhos ao então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre como proceder na defesa das acusações vindas da Operação Lava Jato.

Duas semanas depois, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) deixou o Ministério do Turismo também por causa da delação de Machado. Segundo ele, Alves teria recebido R$ 1,55 milhão em doações eleitorais oriundos de propina do esquema investigado pela Operação Lava Jato. O ex-ministro nega irregularidades.

Após um período de relativa calmaria no gabinete, Temer demitiu em setembro o advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, que entrou em rota de colisão com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, depois de ajuizar ação de improbidade contra empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Osório caiu atirando: disse que o governo Temer queria abafar a operação.

Já em novembro, Marcelo Calero (Cultura) pediu demissão e acusou Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), da Secretaria de Governo, de tê-lo pressionado a liberar a obra de um prédio onde comprou um apartamento em Salvador. Depois, Calero também disse ter sido pressionado por Padilha e o próprio Temer. A situação também levou Geddel a entregar o cargo.