Doleiro contesta advogado sobre pacote e pede acareação com Yunes, Padilha e delator
O doleiro Lúcio Funaro negou nesta sexta-feira (24) as declarações dadas pelo ex-assessor especial da Presidência da República José Yunes à PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre um episódio envolvendo a entrega de um pacote a Yunes a pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. De acordo com o seu advogado, Bruno Espiñeira, Funaro disse que se colocará à disposição da Justiça para uma acareação com Yunes, Padilha e o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho.
Funaro foi citado por Yunes em depoimento prestado por ele à PGR nesta semana. Yunes diz que Padilha havia lhe pedido para receber um pacote com “documentos” durante a campanha presidencial de 2014 em seu escritório em São Paulo. No dia e na hora marcados por Padilha, Funaro, ligado ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, apareceu em seu escritório e lhe entregou um pacote. Yunes diz não ter aberto o pacote.
O depoimento de Yunes acontece após a revelação feita pela delação premiada de Cláudio Melo Filho de que Padilha teria se encarregado de distribuir R$ 4 milhões referentes a um repasse feito pela Odebrecht.
Segundo Melo Filho, parte do dinheiro foi entregue à campanha por meio de Yunes. O ex-assessor da presidência nega ter sido operador da campanha de Temer. À época em que a delação de Melo Filho vazou, Padilha negou participação no episódio.
Desde a divulgação de que Yunes prestou depoimento à PGR, na última quinta-feira (23), Padilha não voltou a se manifestar sobre o caso. O ministro se licenciou nesta semana do cargo para retirar a próstata.
Bruno Espiñeira, que assumiu a defesa de Funaro nesta semana, disse que seu cliente negou as declarações dadas por Yunes sobre o episódio. “Ele pretende acionar a Justiça para reestabelecer a verdade sobre os fatos. Ele contesta a versão dada por Yunes e se colocou à disposição para uma acareação com Padilha, Yunes e Cláudio Melo Filho”, afirmou.
Espiñeira não disse se Funaro foi ou não ao escritório de ex-assessor de Temer. “Ele disse apenas que contesta as declarações de Yunes e que vai acionar a Justiça”, afirmou o advogado.
Ainda segundo o advogado, Funaro vai solicitar à Justiça que sejam feitas acareações com Padilha, Yunes e Cláudio Melo Filho. Funaro está preso em Brasília desde julho de 2016.
O doleiro é investigado pela suspeita de ser um dos principais operadores financeiros do esquema de corrupção na CEF (Caixa Econômica Federal). Investigações relativas à fase Cui Bonno da Operação Lava Jato indicam que Funaro operaria junto a Eduardo Cunha e ao ex-secretário geral da residência da República Geddel Vieira Lima. Funaro, Geddel e Cunha negam envolvimento no esquema.
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