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Nos EUA, Dilma critica terceirização e reforma da Previdência de Temer

A ex-presidente Dilma participa de evento realizado pela Universidade de Harvard e o MIT - Reprodução/Brazil Conference
A ex-presidente Dilma participa de evento realizado pela Universidade de Harvard e o MIT Imagem: Reprodução/Brazil Conference

Do UOL, em São Paulo

08/04/2017 15h09

Em evento realizado nos Estados Unidos neste sábado (8), na Universidade de Harvard, a ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff criticou algumas das medidas defendidas pelo governo Michel Temer (PMDB), como a reforma da Previdência.

“Estão tentando construir um novo modelo previdenciário no Brasil”, afirmou Dilma. “Num país que tem, em média, sete anos de informalidade, desemprego e carteira não assinada, esses 49 anos [de contribuição] aumentam para 56. É um problema seríssimo [um modelo] que junta o tempo de contribuição mais essa idade mínima [de 65 anos para aposentadoria]. Com quantos anos uma pessoa vai ter que começar a trabalhar no Brasil para se aposentar? É só fazer a conta: 9 anos de idade."

A ex-presidente é uma das convidadas da Brazil Conference, evento organizado pela Universidade de Harvard e pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e que leva aos EUA representantes de vários segmentos do Brasil. Neste ano, mais de cem palestrantes e mediadores participam das atividades realizadas entre ontem e este sábado.

Antes de ser abordada com perguntas pela professora Frances Hagopian, a ex-presidente falou à plateia e fez críticas também ao processo de impeachment que a retirou da Presidência da República, em 2016. Criticou, ainda, a aprovação de novas regras trabalhistas e a liberação generalizada da terceirização. "É tirar direitos dos trabalhadores", disse.

“Quanto mais próximo 2018 estiver, mas difícil vai ser de tomar medidas sociais por este governo”, afirmou Dilma. “Esta é a parte mais danosa da [reforma da] Previdência, que evidencia uma mudança de modelo, que é absolutamente público e que podia estar complementado por um modelo privado. Não é possível substituir tudo por um modelo privado.”

Sobre a operação Lava Jato, a ex-presidente defendeu que ações do seu governo permitiram o desenrolar das atividades da Polícia Federal que já resultaram em prisões e repatriação de recursos resultantes de pagamento de propina.

“Não está sendo possível, de maneira nenhuma, que a Lava Jato possa ser contida no atual governo.”

Ainda neste sábado, também participará do mesmo evento nos EUA o juiz Sérgio Moro, que está à frente de boa parte da operação. Indiretamente, a ex-presidente sugeriu críticas a sua conduta.

“Em qualquer lugar do mundo, um juiz não pode falar fora do processo e não pode ser amigo do julgado. (...) É possível violar a democracia de dentro dela, e nós não podemos permitir que isso aconteça no Brasil.”