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Para Tarso, saída da crise deve envolver renúncia de Temer e eleições gerais imediatas

O ex-governador Tarso Genro (PT-RS) - RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA
O ex-governador Tarso Genro (PT-RS) Imagem: RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

18/05/2017 16h40

O ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) disse nesta quinta-feira (18) que o cenário mais provável no desdobramento da crise política surgida a partir da delação do empresário Joesley Batista, da JBS, é a renúncia do presidente Michel Temer. Ex-ministro da Educação e da Justiça no governo Lula (2003-2011), Tarso avaliou que a formação de uma grande frente política de centro-esquerda pode ajudar a pressionar o Congresso pela convocação de eleições gerais imediatas.

“Do ponto de vista constitucional, a renúncia é o pior que pode acontecer porque leva a eleições indiretas. Mas, por outro lado, o Congresso também pode ter um gesto de grandeza e aprovar uma emenda com a antecipação do calendário eleitoral”, avaliou. Segundo o ex-governador, Temer sabe que não tem mais condições de governabilidade a partir das denúncias: “seria um ato de generosidade [a renúncia] com o país. Mas é difícil prever se fará ou não”, disse.

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UOL Notícias

UOL - Como o senhor imagina que será superada a atual crise política?

Tarso Genro – Na minha opinião, só é possível superar a crise política com a renúncia de Michel Temer e a realização de eleições diretas para a Presidência e o Congresso Nacional, no menor prazo possível. E também com a formação de uma grande frente que busque um novo compasso de concertação democrática.

Quem lideraria esse processo? Sobrou algum nome na política brasileira?

Os nomes existem, mas antes disso é preciso que essa articulação se vincule a compromissos bem nítidos. Por exemplo: retomada da soberania do Pré-Sal e interrupção das reformas antissociais que tramitam no Congresso, como da Previdência e trabalhista. Uma frente que abarque amplos setores, da esquerda ao centro, e que se constitua como um novo bloco de poder.

O senhor pode citar algum nome?

O [senador] Roberto Requião [do PMDB], o ex-presidente Lula, o João Pedro Stédile [líder do MST], o [Guilherme] Boulos [líder do MTST]. São todas lideranças políticas que desconfiavam, ou tinham convicção, da ilegitimidade do governo Temer e do seu ministério de investigados e denunciados. É preciso retomar o caminho da democracia, interrompido com o golpe que destituiu a presidente Dilma Rousseff.

Na sua opinião, o que vai acontecer com o governo Temer?

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E se não ocorrer nada disso? O país aguenta conviver com mais uma crise?

A perdurar a crise, mais a recuperação democrática e econômica do país ficará distante. O presidente Temer, que é um hábil quadro político, sabe que não tem mais condições de entregar a agenda de reformas neoliberais que encomendaram a ele. Se não renunciar, pode chamar a sua base de sustentação no Congresso e alterar o calendário eleitoral. Seria uma saída.

E se houver cassação da chapa no julgamento do TSE?

É outra possibilidade de solução. A meu ver, sem necessidade de emenda constitucional para que se convoquem eleições gerais.

A Constituição prevê eleição indireta em caso de cassação da chapa vencedora.

Mas o TSE, em decisão recente [no dia 4 deste mês], decidiu por eleições diretas no caso da cassação do governador do Amazonas, José Melo (PROS). Na minha avaliação, essa decisão [tomada no voto do ministro Luís Roberto Barroso, que integra o STF] já deve servir como um precedente para o caso, sem a necessidade de uma emenda constitucional. Não foi uma decisão gratuita, a meu ver.

Qual sua avaliação sobre o atual governo?

Temer já tinha escassas condições de governar, era sustentado apenas pelo oligopólio da mídia. Chegou ao poder por um golpe, demonizou a esquerda e o PT e criou, em amplo setores da classe média, um espírito fascista e violento que dividiu o Brasil. Derrotá-lo, portanto, deve ser tarefa primordial dessa frente de centro-esquerda que estou defendendo.