Manifestação em SP pede saída de Temer, mas não poupa Lula; veja atos pelo país
Com carro de som e sob chuva, manifestantes protestaram na noite desta quinta-feira (18) na avenida Paulista contra a permanência do presidente Michel Temer à frente do governo. O grupo se dispersou por volta das 22h, sem incidentes. O evento aconteceu poucas horas depois de Temer fazer um pronunciamento em que afirmou que não renunciará ao cargo após denúncias do dono da JBS, Joesley Batista.
Sindicalistas e líderes sociais se revezaram em cima do carro de som, com palavras de ordem e pedidos de eleições diretas. “O melhor para o Brasil é o Temer renunciar e termos eleições diretas, o mais rápido possível. Vamos ocupar Brasília no dia 24, esperamos 100 mil pessoas lá”, diz Guilherme Boulos, coordenador do MTST.
Apesar de foco da manifestação ser o pedido de renúncia de Temer e eleições diretas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi poupado por parte dos manifestantes.
Em cima do carro de som, o Caio Guilherme da Silva Santos, presidente da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas), afirmou que Lula deveria estar na cadeia. Em seguida, foi vaiado por parte dos ativistas. Cartazes comparam Lula a Temer e a Aécio Neves, também citado em delação da JBS.
“Lula é tão culpado quanto Aécio. Investigação mostra que Mantega [Guido, ex-ministro do PT] era o homem que pegava o dinheiro do esquema pró-PT”, afirma Santos. “O PT é tão podre quanto o PMDB e o PSDB. Não dá para o Lula dizer que não sabia. Congresso é a mesma coisa, metade roubou.”
Policiais acompanham o ato, mas não estimaram o número de participantes. Por volta das 19h30, a chuva fina que caia na capital paulista aumentou, provocando a divisão do grupo em duas partes. Algumas pessoas se abrigaram sob a estrutura do Masp enquanto a maioria dos manifestantes caminhou até o escritório da Presidência em São Paulo, a cerca de 500 metros do ponto de encontro. Apesar de nem todos os grupos presentes concordarem, grito de "Diretas já" é constante na marcha.
O protesto foi organizado pela Frente Brasil Popular, que congrega mais de 60 movimentos sociais e sindicais, entre os quais, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Frente Povo Sem Medo, que inclui o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Natália Zermeta, da Frente Povo Sem Medo, estimou que 10 mil pessoas presentes na manifestação. Ela disse esperar que domingo, quando movimentos de esquerda e de direita planejam reunir manifestantes na via, a Paulista seja palco de “um dos maiores atos que se tem notícia”.
Paola Leal Nosella, 24, defendeu eleição direta e foi à Paulista para pedir a saída do presidente Michel Temer, “que nem deveria ter assumido e tem que sair depois da bomba de ontem”. Ela reclamou da política neoliberal e da perda de direitos.
"Vim por causa do mar de lama que se tornou Brasília", diz Celso Martins. Ele diz que os políticos não têm representatividade e a população precisa se manifestar para derrubar o Congresso. Ele trouxe a filha, Helena Oliveira, 5 anos, para que ela aprenda a defender os direitos. “Estão ameaçando os direitos dela.”
Para o comerciante Carlos Viana, 50, protesto é protesto, não importa o lado. À espera da manifestação pela renúncia do presidente Michel Temer, ele vende faixas com a expressão "Fora Temer" (R$ 2), apitos verde e amarelo (R$ 5), bandeiras do Brasil (R$ 15) e do movimento LGBT (R$ 20).
"Eu venho a todos os protestos. Sou empresário e não posso escolher lado", diz ele ao UOL. Na opinião de Viana, que fatura mais de R$ 1.000 por evento, o protesto mais tranquilo costuma ser o do Vem pra Rua, "com gente mais velha e pacífica". Ele se diz, entretanto, contra o impeachment de Dilma. "Sou contra o impeachment da Dilma. Deu para ver que aquilo foi golpe mesmo. Agora, com Temer, não tem nem o que discutir. Ele tem que sair." Viana, no entanto, lamenta faturar menos nos protestos de grupos de esquerda. "Esse pessoal já vem com bandeira, apito e tudo mais. É mais difícil vender.
Black blocs e PM se enfrentam em ato no Rio
Um grupo de cerca de 50 manifestantes black bloc e PMs se enfrentaram na noite desta quinta-feira (18) em manifestação que pede a saída do presidente Michel Temer no centro do Rio. O confronto começou por volta das 20h15. Os policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo e o protesto foi dispersado. Um manifestante sofreu ferimentos na perna e foi socorrido na região. Até então o ato corria de forma pacífica.
Brasília tem ato com índios na linha de frente
Manifestantes se concentraram no início da noite desta quinta-feira (18) na rodoviária do Plano Piloto, na área central de Brasília, em ato contra Michel Temer (PMDB). O grupo, que pede a renúncia do peemedebista após novo escândalo, grita palavras de ordem como "Temer ladrão, eu quero eleição".
O ato deixou a região da rodoviária por volta das 18h20 e chegou ao Congresso às 19h15. O protesto contava com cerca de 1.000 a 1.500 pessoas por volta das 18h45, segundo a Polícia Militar, e ocorreu de forma pacífica, com nenhum detido. Entre os presentes, estavam grupos indígenas.
Índios presentes na manifestação dançaram em volta de cartazes com frases que pedem a saída do presidente Michel Temer. Em um dos cartazes, eles também pedem "Diretas Já". O grupo indígena, inclusive, assumiu a linha de frente da manifestação quando ela começou a se movimentar, com uma faixa pedindo a saída de Temer e demarcações de terras.
Outras capitais
Em Salvador, manifestantes foram às ruas contra o presidente Michel Temer. Segundo o jornal A Tarde, o protesto começou na região do Iguatemi, e cerca de 300 trabalhadores do Sindicato Nacional dos Servidores Federais se uniu ao grupo de manifestantes. Não há estimativa oficial de participantes do ato, e autoridades de trânsito da cidade disseram que a manifestação acabou por volta das 20h.
Em Porto Alegre, as pessoas se reuniram na Esquina Democrática, no centro, para pedir a saída de Michel Temer. Formado por estudantes, partidos, sindicatos e ativistas dos direitos LGBT, os manifestantes pediram, além da saída de Temer do cargo, a convocação de eleições diretas para presidente.
Em Fortaleza, manifestantes percorreram ruas do bairro Benfica pedindo a saída de Michel Temer e a convocação de eleições diretas. A maioria era de estudantes e militantes de partidos de esquerda. O público não foi divulgado pelos organizadores.
A concentração começou por volta das 16h na Praça da Bandeira, em frente à Faculdade de Direito, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Depois do anúncio de que Temer não renunciaria, aos gritos de "Se empurrar o Temer cai. Diretas já!", eles caminharam pelas ruas, portando faixas e cartazes contra o presidente. O protesto ocorreu de forma pacífica e terminou com um ato na Praça da Gentilândia, próximo ao campus da UFC que reúne os cursos do Centro de Humanidades.
Em Recife, Um grupo de manifestantes se reuniu na Praça do Derby, centro expandido do Recife, para cobrar o afastamento do presidente Michel Temer do cargo e a realização de eleições diretas. Segundo a organização do evento, cerca de 10 mil pessoas participam do ato, que começou às 14h. A Polícia Militar não divulgou a estimativa de participantes no protesto.
Protestos ocorrem após pronunciamento de Temer
"Não renunciarei. Repito, não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo", disse o presidente Michel Temer (PMDB) em pronunciamento no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (18). Temer enfrenta sua mais grave crise no cargo, acossado por denúncias feitas por delatores da JBS.
Horas antes do pronunciamento, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou abertura de inquérito contra o presidente. A decisão de abrir uma investigação contra Temer foi tomada pelo ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, após pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República). A partir de agora, o presidente passa a ser formalmente investigado.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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