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Tasso diz que PSDB decidirá se fica com Temer após julgamentos; Aníbal pede cautela

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) - Jefferson Rudy/Agência Senado - 15.abr.2015
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado - 15.abr.2015

Luciana Amaral e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

22/05/2017 15h53Atualizada em 22/05/2017 19h13

O presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati (CE), declarou nesta segunda-feira (22) que o partido só vai decidir se permanece ou desembarca do governo após os julgamentos dos processos que correm contra o presidente da República, Michel Temer, no STF (Supremo Tribunal Federal) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

“O PSDB está vendo isso com muita responsabilidade, com muito cuidado, existem desdobramentos aí e tem agora na quarta uma votação no Supremo [nota da redação: a votação não vai mais ocorrer]. Nós vamos aguardar. Tem uma votação logo em seguida do TSE. Nós vamos aguardar que nossa visão de tudo aquilo que fizermos e que venha acompanhado do julgamento das instâncias do Judiciário, melhor e mais consolidado“, afirmou.

Tasso Jereissati foi escolhido como novo presidente do PSDB na última quinta-feira (18), após Aécio Neves ser um dos principais envolvidos na delação dos executivos da JBS. O ministro Edson Fachin, do STF, autorizou abertura de inquérito contra o senador, solicitada pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, e o afastou de suas funções de parlamentar.

Por causa das informações fornecidas pelos executivos da JBS em delação premiada, o Supremo decidiu abrir inquérito também contra Temer pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. O presidente recorreu e pediu que o processo seja suspenso até que seja realizada uma perícia na gravação feita pelo empresário Joesley Batista em que conversa com o peemedebista. 

O recurso seria julgado pelo plenário da Corte nesta quarta (24), conforme apontou Tasso Jereissati. Entretanto, nesta segunda, a presidente do STF, Cármen Lúcia, decidiu que só vai agendar o julgamento do recurso depois da conclusão da perícia. Não há prazo para o fim da análise.

Diante do possível atraso no julgamento pelos ministros do tribunal, Jereissati disse que seria “melhor” que a data não fosse muito adiada.

“Seria melhor que não [atrasasse]. Melhor é que a gente acompanhasse os passos do Supremo em relação ao que está acontecendo e também logo em seguida tenha a votação do TSE. Então, vamos ver essa votação do TSE, que talvez seja mais relevante e definitiva”, declarou.

Durante a tarde, porém, a defesa do presidente Temer solicitou uma perícia independente - a oficial será realizada pelo INC (Instituto Nacional de Criminalística), órgão da Política Federal - e desistiu do recurso até que o laudo seja finalizado.

O julgamento no TSE a que o senador se refere será retomado no dia 6 de junho e vai analisar se a chapa Dilma/Temer cometeu irregularidades na eleição de 2014.

“Não é hora de agir por impulsos”, diz José Aníbal (PSDB-SP)

Para o ex-senador José Aníbal (PSDB-SP), presidente do Instituto Teotônio Vilela -- centro de estudos e formação política do PSDB, uma questão importante a ser respondida é: o que aconteceria depois se o PSDB rompesse com o governo?

“O PSDB é um partido que tem grande responsabilidade e compromisso com o país. Rompe com o governo, e aí? O que vai acontecer no dia seguinte? Paralisa o processo legislativo? Abre mão de continuar as reformas? É preciso avaliar isso, não é hora de agir por impulsos”, defendeu.

Para Aníbal, há uma expectativa de que este governo possa “manter essa condição de governabilidade que vinha tendo até a semana passada”, mas se isso não vier a acontecer ele defende que seja fundamental não abrir mão das reformas iniciadas por ele.

“Se for necessário construir uma outra situação, vamos ver como se constrói essa outra situação dentro do que determina a Constituição e preservando as forças políticas que hoje estão empenhadas nessas mudanças e na retomada do crescimento”, afirmou.

Maioria dos parlamentares do PSDB no Congresso defende cautela

Alguns parlamentares do PSDB no Congresso Nacional divergem quanto ao possível desembarque do partido da base aliada do governo Temer, segundo José Aníbal. Mas, segundo ele, a maioria dos membros das bancadas na Câmara e no Senado é favorável que o partido acompanhe os desdobramentos da crise política que abateu o governo Temer antes de tomar qualquer decisão sobre o apoio ao governo.

“Tem gente que acha que isso é inevitável [desembarque da base aliada], tem outros que acham que pode ser que isso venha acontecer, mas tem uma maioria que converge na posição de ‘vamos ver os desdobramentos dos próximos dias e, inclusive, vamos manter a atuação do Congresso, para que essa avaliação seja feita sem impulsividade’”, afirmou.

Segundo ele, o diálogo dentro das bancadas está sendo intenso. “Amanhã vai ser um dia de muita conversa. Já hoje à noite começam a chegar os deputados, os senadores [em Brasília], e é preciso dialogar, convergir, criar campo comum de atuação de cada partido. E estamos trabalhando isso no PSDB”, afirmou.