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Renan diz que Forças Armadas não sustentarão Temer e que governo é pautado por Cunha

Jonas Pereira/Agência Senado
Imagem: Jonas Pereira/Agência Senado

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

24/05/2017 19h26Atualizada em 25/05/2017 09h14

Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), fez fortes críticas ao presidente Michel Temer, seu correligionário, por assinar decreto de ação de garantia de lei e da ordem pelas Forças Armadas no Distrito Federal por sete dias, na tarde desta quarta-feira (24), durante manifestação que ocorria na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. "Não serão as Forças Armadas que vão sustentar esse governo", declarou o senador.

"Como todos imaginavam, a circunstância do Brasil está se agravando [...] É constitucional chamar as Forças Armadas, mas beira a insensatez fazer isso no momento em que o país pega fogo. Beira a irresponsabilidade. E fazer isso de forma dissimulada, dizer que foi a pedido do presidente da Câmara dos Deputados, que negou, é um horror. Um horror!", afirmou Calheiros em discurso no plenário do Senado.

"Se esse governo não se sustenta --é verdade, ou não é--, não serão as Forças Armadas que vão sustentar esse governo. E não dá para passar para o país a ideia de que o governo de Michel Temer vai dar certo por causa do Legislativo. Seria muita pretensão dizer isso. Vai dar certo ou vai dar errado por seus gestos."

Renan ainda disse que se o povo perceber que os projetos defendidos pelo governo federal estão sendo produzidos para "ferrá-lo", vai reagir. "E reagiu. E reagirá muito mais nesse período para o qual o presidente da República está chamando o Exército", disse.

O senador, entretanto, negou ter pedido a renúncia de Temer. "Eu pedi que o presidente da República compreenda o seu papel e construa uma solução para o Brasil. Essa solução política está sendo cobrada há três anos", disse. 

Colega de partido e aliada de Renan, a senadora Kátia Abreu (TO), afirmou que o governo, "ao chamar as tropas para a rua, dá um atestado de incompetência política".

"Governo pautado por presidiário"

Renan Calheiros não parou na crítica à decisão de Temer de acionar as Forças Armadas. Em seu discurso, o senador voltou a insinuar que o governo age de acordo com os interesses do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba e já foi condenado na Operação Lava Jato.

Ao contar que iria --mas não foi-- novamente com a bancada do PMDB conversar com Temer no Planalto --18 dos 22 peemedebistas do Senado compareceram à reunião--, Renan disse que faria advertências ao presidente e disse ser "inadmissível" que "um governo chantageado publicamente continue a ser pautado por um presidiário, inclusive na nomeação de um ministro da Justiça".
 
O presidiário da frase é o deputado cassado Eduardo Cunha, que segundo Renan enviou o deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS), seu aliado e que o visitou na cadeia, em Curitiba, para nomear o então deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça. "Isso não pode acontecer", declarou Calheiros.