Impedir Lula de ser candidato em 2018 seria "tapetão", diz líder do MTST
Em entrevista ao jornalista e blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto, Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), afirmou que a esquerda brasileira precisa pensar em um projeto político a longo prazo. Ele também criticou a Operação Lava Jato e disse que o ex-presidente Lula tem direito a ser candidato à Presidência em 2018.
“A esquerda é capaz de apresentar um discurso, de apresentar uma alternativa viável à população, ou ela vai permanecer ‘patinando’?”, questionou Sakamoto, mencionando o caso do ex-presidente Lula –que, segundo ele, tem papel de “fortaleza” mas também de “calabouço”, devido a sua "narrativa política tradicional".
Sakamoto lembrou que, recentemente, representantes de movimentos de esquerda como o Psol, PT e o MTST se reuniram para discutir os rumos da política nacional.
“A esquerda brasileira tem que pensar um projeto para os próximos 10, 20 anos, não para a próxima eleição”, respondeu Boulos. “Aliás, foi pensando de eleição em eleição que se chegou a uma redução pragmática do que seria um projeto de esquerda, um projeto contra hegemônico, e cada vez mais foi entrando como um projeto da ordem, com alguns contrapesos aqui e acolá”, complementou.
Para Boulos, a esquerda “esgotou seu ciclo” e precisa “pensar a reinvenção dos [seus] caminhos”, tendo como um desafio, inclusive, “disputar a anti-política”.
O líder do MTST ainda disse que “a questão do Lula não pode se resolver no ‘tapetão’”, expressão utilizada no futebol para a prática de se alterar em tribunal um resultado obtido em campo.
“Independe do que se acha do Lula para o futuro da esquerda, do que ele tenha feito. O Lula tem o direito de ser candidato, tem o direito de se apresentar, e é inadmissível que seja condenado sem nenhuma prova consistente”, afirmou.
Boulos também defendeu o direito de Lula a um julgamento “justo”, o que para ele não parece estar acontecendo "nas mãos da Procuradoria de Curitiba e do [juiz] Sérgio Moro”. Segundo Boulos, Moro "age, às vezes, como promotor de toga" no caso do ex-presidente.
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