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Doleiro operava R$ 50 mi/mês de cúpula dos ônibus para esquema de corrupção no RJ

3.jul.2017 - Suspeito é preso na Operação Ponto Final - Onofre Veras/Photo Premium/Agência O Globo
3.jul.2017 - Suspeito é preso na Operação Ponto Final Imagem: Onofre Veras/Photo Premium/Agência O Globo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

11/07/2017 15h37Atualizada em 11/07/2017 18h24

O doleiro Álvaro Novis, autor de uma das delações premiadas que auxiliaram nas investigações da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, afirmou à Justiça Federal, nesta terça-feira (11), que operava cerca de R$ 50 milhões por mês de empresas e empresários de ônibus da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro).

A movimentação do dinheiro ocorria por meio da transportadora de valores Trans Expert, que era usada para transportar e armazenar os recursos com a finalidade de lavagem e ocultação. A investigação faz parte da Operação Ponto Final, realizada pela Polícia Federal em 3 de julho.

Novis afirmou que o contato direto com a Fetranspor era feito com o conselheiro José Carlos Lavouras --preso na semana passada--, responsável por ordenar pagamentos e repasses ilícitos a pessoas físicas e jurídicas. Entre os destinatários, estavam o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e um de seus operadores financeiros, Carlos Miranda, além de outras figuras políticas que, segundo o delator, possuem prerrogativa de foro.

Ele não revelou nomes, mas disse que era orientado a ter "zelo" nas transações, justamente para evitar rastreamento. Durante o interrogatório, Novis afirmou ter ouvido de Lavouras: "Tenha seus cuidados para a gente não ter problemas".

Além disso, confidenciou ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal e responsável pelos processos da Lava Jato no Rio, que tinha "medo" por ter seu nome envolvido em transações com pessoas poderosas e valores vultosos.

"Quando o crédito entrava [na conta da Fetranspor na Trans Expert], eu tentava acelerar a saída o mais rápido possível", disse.

Além do doleiro, foram ouvidos nesta terça os irmãos Marcelo e Renato Chebar, que administravam contas bancárias de Cabral no exterior. Miranda também teve oportunidade de dar sua versão, mas preferiu permanecer em silêncio.

Durante a tarde, outro operador de Cabral, Carlos Bezerra, ratificou informações prestadas em depoimento anterior na 7ª Vara Federal Criminal referente a processo da Operação Calicute. Os interrogatórios fazem parte de um desdobramento da Operação Eficiência.

A reportagem do UOL tenta contato com a Fetranspor, Cabral, José Carlos Lavouras e Carlos Miranda sobre declarações prestadas pelo doleiro Álvaro Novis.

A Fetranspor informou, por meio de nota, que "está à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos necessários".