Em sabatina, Renan Calheiros faz críticas à gestão de Janot a frente da PGR
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fez duras críticas nesta quarta-feira (12) à atuação da Procuradoria-Geral da República sob a gestão de Rodrigo Janot durante a sua fala na sabatina da subprocuradora-geral Raquel Dodge, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado Federal.
Ao exaltar o papel do Ministério Público Federal para “caminhos que unam essas instituições no sentido que possamos pacificar as coisas no nosso país”, ele afirmou que houve episódios “tristes, alguns macabros”.
Calheiros afirmou que o fato de ter defendido uma “saída institucional para a crise” em uma gravação o tornou objeto de pedido de prisão e de afastamento da presidência do Senado. “Defendíamos a necessidade de votar a atualização do projeto de abuso de autoridade que não vale para o Ministério Público apenas, mas para qualquer autoridade. E foi entendido, pior, foi utilizado para inibir os movimentos do Legislativo [pelo PGR]”, criticou.
Em gravação divulgada no ano passado entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, contida na delação premiada do executivo, Renan Calheiros chamar Janot de 'mau caráter'. O senador foi alvo de um pedido de prisão da PGR ao STF, junto com Romero Jucá (PMDB) e José Sarney (PMDB-AP), após a divulgação do conteúdo das conversas com Machado. Para os investigadores, as conversas continham indícios de conspiração para derrubar todas as apurações em curso sobre o esquema de corrupção da Petrobras.
Na época, Renan classificou o pedido de prisão como uma medida "desarrazoada, desproporcional e abusiva".
Durante a sabatina, ele disse a subprocuradora que não acredita que o “estado de direito possa comportar esse tipo de coisa”. “Sabemos que o Brasil vive um momento dificílimo do ponto de vista da sua representação política. Vivemos quase uma corrupção generalizada, sistêmica, mas não dá para generalizar. Não é porque o modelo é apodrecido que todos cometeram o mesmo tipo de crime. Como pode o Ministério Público dizer o que é crime e o que não é no financiamento eleitoral?”, criticou.
Réu em uma ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal) e investigado em mais 11 inquéritos, alguns deles derivados de operações como a Lava Jato e a Zelotes, Renan disse ainda que sempre defendeu a Operação Lava Jato e que defende o uso dos acordos de delação premiada. “Eu sempre defendi a operação lava jato, como sempre defendi as operações. Acho que a operação lava Jato vai possibilitar ao Brasil um avanço civilizatório. É evidente que ao dizer isso não quero concordar com os excessos da operação", afirmou.
Em resposta, Dodge afirmou que não comentaria a atuação de procuradores, mas que acolhia todas as críticas feitas por Renan. “Eu acolho todas as observações feitas por vossa excelência, procurarei preservar as instituições”, afirmou. Ela disse ainda não ser fácil ocupar o papel de procurador-geral da República, a que chamou de “atribuição isolada”. “Asseguro que a instituição é formada por pessoas vocacionadas que querem acertar e que têm o compromisso com os direitos humanos, com a sua função [na área] criminal, eleitoral”, disse.
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