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Padilha rebate acusação e diz ser normal trocar deputados para obter votos na CCJ

Ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), ao lado do presidente Michel Temer - Pedro Ladeira/Folhapress
Ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), ao lado do presidente Michel Temer Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

14/07/2017 17h41

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou nesta sexta-feira (14) ser “absolutamente normal” a troca de parlamentares na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados para garantir vitórias importantes para o governo.

A medida garantiu nesta quinta (13) a derrubada da denúncia por corrupção passiva do presidente Michel Temer, feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República), e a aprovação de um relatório para o arquivamento do caso.

“Não tem absolutamente nada de irregular nisso. O Regimento Interno da Câmara prevê a orientação dos partidos para a votação e possíveis trocas. Absolutamente normal, do jogo político”, disse ele em entrevista à “Rádio Gaúcha”.

Padilha contou que todos os parlamentares são obrigados a votar nas comissões conforme a orientação do partido. Segundo o ministro, partidos como PMDB, PP, PR, PRB e PSD haviam “fechado questão” sobre o tema.

“Como havia alguns parlamentares que não tinham facilidade em assimilar essa orientação partidária, eles foram substituídos para responder conforme o partido. Significa dizer que a vontade dos partidos era majoritariamente pela rejeição da denúncia”, disse.

De acordo com levantamento feito pelo UOL a partir de dados da Câmara, essas mudanças garantiram 13 votos contra a denúncia na primeira votação desta quinta –quase a vantagem exata obtida pelo governo: 40 votos a 25, com uma abstenção.

Uma das trocas garantiu a entrada do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como titular na CCJ. Ele é da tropa de elite da defesa de Michel Temer. Marun substituiu José Fogaça (PMDB-RS). Antes, ficou como suplente na vaga de Valtenir Pereira (PSB-MT).

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Padilha também respondeu a acusação do relator da denúncia rejeitada na CCJ, o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), de que o governo teria comprado votos dos deputados, por meio da liberação de emendas, para garantir a vitória ao presidente Michel Temer.

“Se ele [Zveiter] tivesse certeza, deveria entrar com uma ação. A liberação de emendas é obrigatória. As emendas são impositivas. Portanto, eu lastimo que o deputado Sérgio Zveiter tenha feito essa referência, porque ele sabe como funcionam as emendas”, disse.

O chefe da Casa Civil demonstrou ainda confiança na rejeição da denúncia pelo plenário. A votação foi marcada para o dia 2 de agosto. Segundo ele, com os partidos que fecharam questão, o governo soma 207 votos. Esperam-se votos também das bancadas do PSDB, PDB e DEM.

“O governo não tem mais preocupação de botar quórum. A oposição é que tem interesse nisso agora. O problema deixou de ser do governo. Agora é da oposição. Já conquistamos a rejeição da denúncia na CCJ”, afirmou Padilha.

13.jul.2017 - CCJ rejeita parecer que recomendava continuidade da denúncia contra Temer  - Renato Costa/Estadão Conteúdo - Renato Costa/Estadão Conteúdo
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Imagem: Renato Costa/Estadão Conteúdo

O ministro também negou intenções do governo em dar cargos e ministérios do PSDB aos partidos do chamado “centrão”. Isso porque, para a votação na CCJ, os tucanos liberaram a bancada. Dos sete deputados, cinco votaram pela aceitação da denúncia contra Temer.

“Não há o que se falar nesse momento sobre reforma ministerial. Queremos conquistar a parte do PSDB que ainda não está apoiando o governo. O pedido de Temer é que apoie as ações do governo”, disse referindo-se ao racha no PSDB sobre o apoio ao governo.

Segundo ele, uma parte maior do PSDB quer apoiar o governo. Por isso, ainda, não houve a decisão de entregar cargos e ministérios. Os tucanos deixaram para avaliar novamente a questão em agosto. No último encontro, na segunda (10), não houve consenso.

Padilha ainda comentou a posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que pediu a renúncia de Temer. Disse ser uma posição “mais acadêmica e intelectual” do político. “Mas entre a academia e o Congresso nós temos uma distância bastante longa”, afirmou.

Delações e Maia

O ministro-chefe da Casa Civil afirmou que o presidente tem “absoluta tranquilidade” quanto a futuras delações. Entre as que poderiam comprometê-lo estão a do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seu operador Lúcio Funaro.

“Nem tudo o que delator fala é verdade. O certo é que o presidente em absoluta tranquilidade quanto a futuras delações. Então não se tem medo do tempo. O tempo não joga contra nós não. Joga para quem quer a denúncia”, disse Padilha.

Sobre a posição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) –sucessor de Temer em caso de renúncia ou cassação do mandato–, Padilha afirmou que a postura do político tem sido de “absoluta lealdade e correção” ao presidente Temer.

Padilha afirmou ter agradecimentos pessoais a Maia. Nos últimos dias, porém o presidente da Câmara procurou se manter distante de Temer. A aliados, chegou a afirmar que manteria a equipe econômica caso assumisse o poder.