Ataque a Lula, fisiologismo, fim da crise: os argumentos pró e contra Temer na Câmara
Ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e recuperação da economia foram os principais argumentos usados por deputados contrários e favoráveis, respectivamente, à admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer durante seus pronunciamentos nas duas sessões desta quarta-feira da Câmara dos Deputados.
Apesar de a denúncia ser sobre supostos atos ilícitos praticados pelo atual presidente, o deputado Wladimir Costa (SD-PA), que tatuou o nome de Temer para demonstrar apoio ao presidente, usou sua fala para atacar o PT e os partidos da oposição. Ele disse que o PT não era partido, era "organização criminosa", causando revolta dos deputados dos partidos de oposição, que o mandaram “lavar a boca”. Em resposta, Costa disse: “Vocês é que precisam lavar as bocarras com soda cáustica”.
“O Temer é um homem ético, transparente, tem história, hombridade, preparo. E vocês podem se preparar para chorar hoje, no muro das lamentações do PT, PSOL, Rede, desses partidozinhos imorais”, afirmou Costa, sob os gritos de “mostra a hena" de deputados da oposição.
Laerte Bessa (PR-DF) mencionou o nome do ex-presidente Lula, também atacou o PT e disse que parlamentares que querem que Temer seja investigado mas defendem Lula são “incoerentes”. "Incoerentes ao querer falar mal do Temer e defender Lula e Dilma. Que crime Temer cometeu? Vocês leram a denúncia? O maior ladrão do mundo se chama Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou.
Ele disse ainda que “se Deus quiser” Temer vai conseguir governar até o fim. “Eu quero dizer que nós estamos recuperando a economia do Brasil. Se Deus quiser o final vai ser um só: Temer vai governar até o final do ano e o Brasil volta a crescer”, afirmou usando como argumento a recuperação da economia que tem sido a principal bandeira do governo federal para angariar apoio.
Já Major Olímpio (SD-SP) chamou Temer de “ladrão” e colocou o PMDB e o PT no mesmo patamar. “Não há a menor dúvida de que Michel Temer e a sua quadrilha praticaram crime de corrupção passiva. Não adianta vir com essa conversa: ‘ah o PT roubou lá’, o PT roubou junto com o PMDB, com sete ministérios do PMDB”, disse.
Olímpio rebateu o argumento dos defensores de Temer de que o governo dele está “salvando o Brasil”. “Nesse momento, não adianta ir naquela história de dizer: ‘Estamos salvando o Brasil’. Não se está salvando absolutamente nada. Tem mala de dinheiro, escutas em relação a ele, [mostrando que ele] recebeu clandestinamente um bandidaço que financiou 1.806 políticos e ele recebeu na garagem, disse: ‘Olha tem que continuar com isso, hein?’”, disse.
Um desses defensores é o líder da bancada do PMDB na Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP), que também vê na “recuperação da economia” motivo para não afastar Temer da Presidência. Segundo ele, o país está “nos trilhos” e finalmente "recuperando a credibilidade".
“O que está em jogo agora não é se vamos condenar ou inocentar o presidente. Vamos votar se é razoável afastar o presidente da República por seis meses nesse momento que o país está nos trilhos, começando a recuperar sua credibilidade e economia”, disse.
Osmar Terra (PMDB - RS) afirmou, também criticando os governos do PT, que Michel Temer precisa continuar na Presidência para que os índices de pobreza diminuam, questionado os dados apresentados pelos governos petistas sobre a redução dos índices. “Em 2006, no auge do governo Lula, nós tínhamos 6 milhões de famílias precisando, do que é hoje, de R$ 182 por mês para poder comer, que é o Bolsa Família. Em 2014, nós tínhamos 14 milhões de famílias precisando de R$ 182, em valores atualizados, para poder comer. Onde que reduziu a pobreza no Brasil?”, disse.
No seu argumento contrário ao presidente Temer, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) mencionou o “fisiologismo explícito” usado por ele para conseguir barrar a denúncia na Câmara.
“Estou envergonhado com algumas frases que ouvi. O Michel Temer mandou 12 ministros para cá. Eu estava perto de um ministro e chegou um deputado e disse: ‘Eu olhei o Diário Oficial e o meu cargo não saiu’. O ministro disse: ‘Confie em mim, não saiu, mas vai sair’. Ou seja, fisiologismo explícito”, disse.
Costa disse ainda que todos os deputados que votarem com Temer “podem ser processados por formação de quadrilha”. “Estão dizendo ao Brasil que é preciso aplaudir a corrupção, vocês estão oficializando a corrupção no Brasil. O rouba, mas faz. Daqui a pouco vão criar um novo artigo na Constituição: é permitido fazer corrupção no Brasil”, disse.
Tadeu Alencar (PSB-PE) afirmou que a bancada não está no plenário para dizer que Temer praticou os delitos de que lhe acusam, mas para permitir que ele seja investigado. “Essa casa não tem outra posição a não ser adotar aquele que é o sentimento da ampla maioria do povo brasileiro, que em mais de 80% deseja que o processo penal por crime comum seja instaurando no Supremo Tribunal Federal, que o presidente possa promover a sua defesa e que a Suprema Corte brasileira julgue ao final e ao cabo”, disse.
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