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Quem defende o parlamentarismo quer se perpetuar no poder, diz Lula

Lula está participando de uma caravana pelo Nordeste - Beto Macário/UOL
Lula está participando de uma caravana pelo Nordeste Imagem: Beto Macário/UOL

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

24/08/2017 11h38

No momento em que o Congresso debate uma possível reforma política que pode alterar as eleições para 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta quinta-feira (24), a ideia de se implantar o parlamentarismo no país. Para ele, o objetivo seria garantir a reeleição dos políticos.

"Aqueles que que estão defendendo o parlamentarismo na verdade estão defendendo um rearranjo político para ver se perpetuam no poder. Nós hoje não temos semipresidencialismo, semiparlamentarismo. Na verdade, hoje não temos governo, temos um cidadão que deu um golpe de Estado através no Congresso, cassou 54 milhões de votos, e está lá tentando mostrar a sua incapacidade de governar o país", afirmou em entrevista à rádio Gazeta, em Maceió.

Um dos defensores do parlamentarismo é o presidente Michel Temer (PMDB), que também já falou em adotar um semipresidencialismo no Brasil. Tucanos, como o senador José Serra (PSDB-SP), também já se manifestaram publicamente a favor do parlamentarismo.

Entenda o parlamentarismo

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Na entrevista, Lula disse que a sociedade já foi consultada para decidir sobre a mudança de regime, mas em nenhuma delas conseguiu êxito. "A república presidencialista sobrevive toda vez que você consultar a sociedade brasileira. É importante lembrar que tivemos dois plebiscitos para discutir o sistema de governo, e nos dois o presidencialismo ganhou."

O petista está em caravana pelo Nordeste e nesta quinta-feira se despediu de Alagoas e seguiu para Pernambuco, onde fica até o sábado e visita as cidades do Recife e Ipojuca (na região metropolitana).

Para Lula, as críticas ao Congresso hoje são injustificáveis do ponto de vista que todos foram eleitos pelo voto popular em 2014.

"Vamos ter consciência de uma coisa: O Congresso Nacional está aí pelo comportamento de 2014. As pessoas foram para as urnas, e a urna pariu esse Congresso. Não dá para dizer que esse Congresso não presta porque ele é a cara da sociedade brasileira no dia da eleição. Quem planta vento colhe tempestade", afirmou.

O ex-presidente criticou a política do governo federal. "Ontem mesmo, o governo anunciou mais cortes, que quer dizer mais arrocho, menos investimento, mais desemprego, o que significa efetivamente que o Brasil vai continuar comendo o pão que o diabo amassou", declarou.

Lula ainda voltou a criticar os cortes no governo Temer, que gerariam mais desemprego, e afirmou que o contexto político brasileiro não seria um bom motivo para o "mau humor" do brasileiro.

"Nós vivemos uma situação que até justifica o mau humor da sociedade, mas com mau humor não se resolve nada. É preciso construir um clima de harmonia, não só de entendimento, mas de compressão. Ontem jogou Botafogo e Flamengo, o Flamengo ganhou, não é por isso que estão fazendo guerra. Eles vão suas casas, se consolam e torcem para seu time ganhar a próxima. É assim a na política", explicou.