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J&F diz que Janot faz interpretação precipitada e que dúvidas serão esclarecidas

Do UOL, em São Paulo

04/09/2017 20h53Atualizada em 04/09/2017 22h48

A defesa dos executivos da J&F, empresa que controla a JBS, informou em nota, na noite desta segunda-feira (4), que não houve "contaminação" que possa comprometer o acordo de delação premiada firmado entre a PGR (Procuradoria-Geral da República) e os delatores da empresa. Segundo a nota, a PGR faz "interpretação precipitada" dos áudios que foram entregues pelos colaboradores à PGR na última quinta-feira (31), interpretação essa que será "rapidamente esclarecida".

Com base nessas gravações, Janot anunciou no início da noite desta segunda-feira que abriu investigação para apurar possíveis omissões no acordo de delação dos executivos da JBS Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva.

Segundo Janot, caso comprovadas as ilegalidades, o acordo poderá ser rescindido e os benefícios dos delatores poderão ser revistos ou cancelados. As provas já apresentadas, porém, não serão invalidadas e continuarão sendo usadas nas investigações já em andamento e na apresentação de eventuais denúncias.

"Determinei hoje a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crime no processo de negociação para assinatura do acordo de colaboração premiada da JBS", declarou Janot.

Rodrigo Janot afirmou que é a primeira vez que um acordo de colaboração passa por investigação com essa dimensão, que pode levar à rescisão, mas defendeu o "instituto" da delação premiada. “Se os executivos da JBS eventualmente erraram, pagarão por isso, mas nem por isso pagará o instituto, que deve ser preservado".

O procurador afirmou que os próprios colaboradores entregaram espontaneamente na última quinta-feira (31) quatro áudios. Das gravações, a terceira foi avaliada por Janot como “exótica”, em que os colaboradores, aparentemente, não sabiam que estavam gravando eles mesmos. “É uma conversa franca e de linguagem livre entre dois colaboradores. Temos que entender quais são essas conversas e referências que eles fizeram”, comentou.

Leia a íntegra da nota:

"A defesa dos executivos da J&F junto ao Ministério Público Federal informa que a interpretação precipitada dada ao material entregue pelos próprios executivos à Procuradoria-Geral da República será rapidamente esclarecida, assim que a gravação for melhor examinada.

Conforme declarou a própria PGR, em nota oficial, o diálogo em questão é composto de "meras elucubrações, sem qualquer respaldo fático". Ou seja, apenas cogitações de hipóteses — não houve uma palavra sequer a comprometer autoridades.

É verdade que ao longo do processo de decisão que levou ao acordo de colaboração, diversos profissionais foram ouvidos — mas em momento algum houve qualquer tipo de contaminação que possa comprometer o ato de boa-fé dos colaboradores."