Lula diz que denúncia é "perseguição" e foi anunciada para ofuscar caravana no NE
A assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (5) que a denúncia apresentada contra ele e outras sete pessoas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não tem “qualquer fundamento” e é uma “ação política”.
Em nota divulgada à imprensa nesta noite, a equipe do petista disse que a peça é “o auge da campanha de perseguição” e que foi anunciada hoje para criar um “fato negativo” exatamente no dia em que Lula encerra sua caravana de 21 dias pelo Nordeste.
"É o auge da campanha de perseguição contra o ex-presidente Lula movida por setores partidarizados do sistema judicial. Foi anunciada hoje para tentar criar um fato negativo no dia em que Lula conclui sua vitoriosa jornada pelo Nordeste", diz o texto.
Também em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou que o ex-presidente "não praticou qualquer crime e muito menos participou de uma organização criminosa". O defensor disse ainda que a PGR está tentando "mudar o foco da discussão em torno da ilegalidade e ilegitimidade das delações premiadas do país". Ontem, o procurador-geral anunciou a abertura de uma investigação para apurar possível omissão de informações no acordo de colaboração premiada firmado por três delatores da JBS.
Além de Lula, Janot denunciou a também ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e cinco ex-ministros dos governos petistas: a senadora Gleisi Hoffmann, Antonio Palocci, Guido Mantega, Paulo Bernardo e Edinho Silva. Todos foram denunciados por suspeita de integrarem organização criminosa.
A denúncia foi apresentada no inquérito do chamado "quadrilhão do PT" que tramita no STF. Segundo a PGR, a quadrilha da qual Dilma e Lula fariam parte recebeu propinas no valor de R$ 1,485 bilhão. “O esquema desenvolvido no âmbito desses órgãos permitiu que os ora denunciados recebessem, a título de propina, pelo menos, R$ 1.485.292.651,16”, diz outro trecho do documento.
A denúncia diz ainda que o esquema permitiu que o PMDB e o PP recebessem outro R$ 1,6 bilhão em propina. Desse total, R$ 390 teriam ficado com o PP, R$ 864 milhões com o PMDB do Senado e outros R$ 350 milhões com o PMDB da Câmara dos Deputados.
Último dia de caravana
Ao som do seu mais tradicional jingle, o "Lula, lá", Lula encerrou com ato público nesta terça-feira, em São Luís, a sua caravana pelo Nordeste. No mesmo dia em que foi denunciado por Rodrigo Janot por suspeita de organização criminosa, o petista voltou a dizer que "se for candidato é para ganhar" e finalizou sua fala mandando um recado aos adversários, que se preparassem para o seu retorno.
"Eles que se cuidem, porque nós vamos voltar a governar esse país. E quando eu digo nós, todos os brasileiros vão voltar a governar esse país", disse Lula no encerramento da caravana, ao lado de vários aliados e do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
Lula fez um balanço da caravana, lembrou de todos os oito Estados pelos quais passou antes do Maranhão e disse que terminava o roteiro "cansado, mas feliz. "É o cansaço da batalha, não é da covardia. É cansaço da labuta, não é da preguiça", disse, aproveitando para alfinetar mais uma vez os integrantes da operação Lava Jato.
"Eu estou aqui cansado para dizer para eles que se querem me derrotar, venham para a rua disputar, não vamos tentar camuflar processo. Se vocês querem prender corrupto, já prenderam hoje na casa do Geddel [Vieira Lima] várias malas cheias de dinheiro. Se vocês querem prender corrupto, vão atrás de quem vocês sabem que roubou. Se eles pegarem na minha vida um real de desvio eu venho aqui pedir desculpas a você. Mas se não, eu quero que um dia eles venham pedir desculpas", disse.
Ao citar Geddel, Lula referia-se à operação deflagrada pela Política Federal nesta terça-feira que encontrou um apartamento em Salvador onde estavam malas cheias de dinheiro. Segundo as investigações, o dinheiro, que às 20h30 já passava de R$ 33 milhões calculados, seria usado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
Ao todo, Lula passou pelos nove Estados do Nordeste durante 20 dias, percorrendo mais de 4.000 km por estradas e rio São Francisco. Apenas o trecho Teresina e São Luís foi feito de avião, os demais foram percorridos em três ônibus locados em Salvador.
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