Topo

Alckmin e Doria voltam a se encontrar, trocam afagos e miram Lula e PT

Alckmin e Doria participam de desfile da Independência em São Paulo - Alan Morici/Frame/Agência O Globo
Alckmin e Doria participam de desfile da Independência em São Paulo Imagem: Alan Morici/Frame/Agência O Globo

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

07/09/2017 13h03Atualizada em 07/09/2017 16h36

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria, que travam uma disputa velada pela indicação do PSDB à eleição presidencial de 2018, voltaram a se encontrar nesta quinta (7) em uma agenda pública. Eles participaram, no Sambódromo do Anhembi, do desfile cívico e militar em comemoração do Dia da Independência.

Alegando compromissos na agenda, Doria chegou a se ausentar de um evento com Alckmin durante a semana.

No palanque, ficaram lado a lado. Os dois trocaram sorrisos cordiais e conversaram durante a abertura do desfile, que começou às 9h30.

A princípio, os tucanos dariam entrevistas separadamente. Isso porque o prefeito tinha uma agenda as 11h, no parque da Independência, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Mas resolveram aparecer juntos diante das câmeras e jornalistas após o evento. Durante a entrevista, elegeram um mesmo alvo: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje lidera as pesquisas para as eleições presidenciais do próximo ano, e seu partido, o  PT.

Doria afirmou que as declarações dadas nesta quarta (6) pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro são decisivas para "sepultar a imagem” de Lula.

“O depoimento sepulta a imagem de alguém que pretenda seguir uma carreira pública, dizendo ser honesto, dizendo ser decente, dizendo defender a população", disse o prefeito.

Doria afirmou ainda que "o campo do PT e do Lula é a criminalidade" enquanto o do PSDB "é o da democracia, verdade, honestidade e decência", apesar de nomes do partido, como o do senador Aécio Neves (PSDB-MG), serem investigados pela Lava Jato.

Já Alckmin afirmou que a polarização entre PT e PSDB acabou. Os dois partidos disputaram o segundo turno das eleições presidenciais nos últimos quatro pleitos.

"Essa polarização entre PT e PSDB é coisa do passado. Eu acho que isso passou. A visão de futuro tem que ser totalmente diferente, o Brasil precisa de construtores", disse.

Doria elogia, mas Alckmin não retribuí

Doria teceu elogios ao governador, que é seu padrinho político. "Quero deixar mais uma vez aqui claro a todos os jornalistas que aqui estão a minha admiração, meu respeito, meu amor e sentimento ao Geraldo Alckmin como cidadão, como brasileiro, como gestor, homem público e integrante do meu partido, o PSDB", disse.

Alckmin não retribuiu os elogios durante sua fala. Nesta semana, questionado se sentia incomodado com as articulações de Doria, preferiu não comentar.

Doria voltou a dizer que é "especulação" a informação de que ele mudaria de partido para disputar as eleições, já que se nega a enfrentar prévias com Alckmin, mas disse que "cada dia é um dia", ao ser questionado se manteria essa posição também no ano que vem.

Alckmin disse que "tudo tem seu tempo" e que “no tempo devido” o partido vai escolher o nome do PSDB que vai disputar as eleições.

O prefeito também comentou as declarações dadas pelo o presidente estadual do PTB, Campos Machado, aliado histórico dos tucanos. O prefeito foi chamado de traidor por Machado no plenário da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). "Campos Machado não é do PSDB, ele deve cuidar do seu partido. Do PSDB, cuidamos nós", disse.

Das arquibancadas quase cheias do sambódromo, faixas pedindo intervenção militar foram colocadas em frente ao palanque montado para abrigar as autoridades. O coro por intervenção militar antes do início do desfile.