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No adeus à PGR, Janot ganha arco e flecha e diz que "sofrimento" valeu a pena

Rodrigo Janot ganha de presente um arco e flecha - Leonardo Prado/Secom/MPF
Rodrigo Janot ganha de presente um arco e flecha Imagem: Leonardo Prado/Secom/MPF

Do UOL, em Brasília

15/09/2017 18h42

No último dia útil como procurador-geral da República, Rodrigo Janot ganhou de presente um arco e flecha da tribo Xokó, de Sergipe. Os artefatos recebidos por Janot são uma referência à frase "enquanto houver bambu, lá vai flecha", dita por ele, em julho, durante um congresso em São Paulo, ao responder sobre o oferecimento de eventuais novas denúncias no final de seu mandato.

De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, Janot foi homenageado por membros e servidores em cerimônia interna realizada no auditório da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, na tarde desta sexta-feira (15).

O segundo mandato dele se encerra no domingo (17), depois de quatro anos à frente da PGR. A procuradora Raquel Dodge, que não estava no evento de hoje, toma posse no dia seguinte.

Durante o evento, Janot discursou e foi aplaudido de pé por cerca de 400 pessoas. "Juntos, vivemos e escrevemos um capítulo muito especial na história do país e do Ministério Público. A esperança ainda triunfa nesta casa. Valeu a pena para mim cada minuto de labuta e até de sofrimento", declarou, segundo a PGR.

Os ex-procuradores-gerais da República Cláudio Fonteles, Aristides Junqueira e Sepúlveda Pertence também estavam presentes na cerimônia.

Nesta quinta (14), Janot ofereceu a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), pelos crimes de organização criminosa e obstrução de justiça.

Durante a última sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) no cargo, ele declarou ter sofrido "toda sorte de ataques", mas disse entender que as críticas representam o “custo” de se combater o "modelo político corrupto" do país.

"Tenho sofrido nessa jornada, que não poucas vezes pareceu inglória, toda sorte de ataques [...] Resigno a meu destino porque mesmo antes de começar sabia exatamente que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e produtor de corrupção cimentado por anos de impunidade e de descaso”, afirmou, na ocasião.

"As páginas da história hão certamente de contar com isenção e verdade o lado que cada um escolheu para travar sua batalha pessoal nesse processo", concluiu Janot.

Balanço

Também durante a cerimônia desta sexta, o chefe de gabinete de Janot, Eduardo Pellela, apresentou um balanço dos quatro anos da gestão. Desde setembro de 2013, segundo ele, foram produzidas 19.697 manifestações de diversos tipos, sendo a maior parte dos processos referente a assuntos da área criminal e da Operação Lava Jato.

Segundo a PGR, houve 242 pedidos de instauração de inquérito, 66 denúncias, 13.014 manifestações e pareceres, 98 iniciais em cautelares, como pedidos de busca e apreensão, de interceptações telefônicas, de sequestro de bens e quebras de sigilo bancário, além de 197 ADIs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade), 31 ADPFs (Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental) e três ADOs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade por Omissão).