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Comissão do Senado convida Jungmann para explicar falas de general sobre intervenção militar

Por ser um convite, Jungmann (à esq.) pode escolher se vai ou não ao Senado - Lucas Lacaz Ruiz/Estadão Conteúdo
Por ser um convite, Jungmann (à esq.) pode escolher se vai ou não ao Senado Imagem: Lucas Lacaz Ruiz/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

20/09/2017 14h52

A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou nesta quarta-feira (20) requerimento de convite para que o ministro da Defesa, Raul Jungmann, compareça ao colegiado e explique as falas dadas pelo secretário de economia e finanças do Exército, general Antonio Hamilton Martins Mourão.

Durante palestra promovida pela maçonaria na última sexta (15), quando questionado por uma pessoa na plateia se não seria o momento de uma "intervenção" das Forças Armadas diante da corrupção no país, Mourão afirmou que, se as instituições não conseguirem solucionar o "problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos", os militares terão "que impor isso".

O requerimento inicial foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC) na forma de uma convocação. Ou seja, quando a pessoa tem a obrigação de comparecer à comissão.

O pedido chegou a ser aprovado, mas o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) depois sugeriu que a convocação fosse transformada em um convite, quando a ida da pessoa em questão é opcional.

A comissão avaliou que uma convocação seria extrema e, então, optou por aprovar a mudança.

Não há, no entanto, data prevista para quando Jungmann deverá ser convidado a prestar os esclarecimentos na comissão.

O ministro conversou com o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, sobre o caso, mas não se pronunciou oficialmente até o momento.

Em entrevista ao programa “Conversa com Bial’, da TV Globo nesta terça-feira (19), Villas Bôas afirmou que o episódio foi resolvido internamento e não haverá punição ao general. Quando questionado pelo UOL, o Exército informou que não iria comentar as falas.

General fala em intervenção militar contra corrupção

UOL Notícias

Entenda a fala do general

A polêmica fala de Mourão aconteceu após o militar ser questionado por uma pessoa na plateia, por meio de pergunta em pedaço de papel, se não seria o momento de uma "intervenção" das Forças Armadas diante da corrupção deflagrada nos Poderes Executivo e Legislativo.

O integrante da plateia na entidade maçônica citou como exemplo a apresentação da segunda denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e deixou claro que sua pergunta se referia a uma intervenção com o fechamento do Congresso Nacional, ou seja, "gente nova".

A pergunta lida por um mediador do evento foi: "A Constituição Federal de 88 admite uma intervenção constitucional com o emprego das Forças Armadas. Os poderes Executivo e Legislativo estão podres, cheio de corruptos, não seria o momento dessa interrupção, [corrige] dessa intervenção, quando o presidente da República está sendo denunciado pela segunda vez e só escapou da primeira denúncia por ter 'comprado', entre aspas, membros da Câmara Federal? Observação: fechamento do Congresso, com convocações gerais em 90 dias, sem a participação dos parlamentares envolvidos em qualquer investigação. Gente nova".

Mourão comentou que a pergunta era "excelente" e respondeu que, se as instituições não conseguirem solucionar o "problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos", os militares terão "que impor isso". Embora diga que não há "fórmula de bolo" para tanto, sua visão de fazer "aproximações sucessivas" coincidiria com a do Alto Comando do Exército, disse. O general ainda destacou que a "imposição não será fácil" e "trará problemas".

"Nós temos planejamentos, muito bem feitos. Então no presente momento, o que que nós vislumbramos, os Poderes terão que buscar a solução. Se não conseguirem, né, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução. E essa imposição ela não será fácil, ele trará problemas, podem ter certeza disso aí", declarou Mourão, sem citar quais planejamento seriam.