PT precisa de novas lideranças "mais espertas que eu", diz Lula
No momento em que sua eventual candidatura em 2018 pode ser barrada na Justiça, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (21) que seu partido precisa de novas lideranças e ideias.
"O PT está carecendo, está precisando produzir não apenas novos programas, mas novos dirigentes. Gente com a cabeça no século 21, gente pensando para frente, gente mais esperta que eu, por exemplo", disse.
Lula falou durante o lançamento da plataforma virtual de debate político "Brasil que o povo quer", da Fundação Perseu Abramo, braço de formação do PT, em São Paulo.
Lula abordou o assunto das lideranças quando, ao menos informalmente, petistas discutem a possibilidade de um boicote às eleições de 2018 caso Lula não possa ser candidato à Presidência.
O ex-presidente já foi condenado em primeira instância em processo da Operação Lava Jato. Se a punição for confirmada em segunda instância, Lula não poderia ser candidato, em teoria, com base na Lei da Ficha Limpa.
Logo antes de falar sobre novas lideranças e programas para o PT, Lula criticou a decisão de um juiz de Distrito Federal a favor da chamada terapia de reversão sexual.
O petista ainda fez um questionamento sobre as políticas para drogas. "Vai continuar tratando como se fosse caso de polícia?", questionou.
O ex-presidente também defendeu a liberdade religiosa, abraçando temas e enfoques mais frequentemente abordados pela militância à esquerda do PT.
"O partido tem que assumir essas coisas porque o século 21 é o século em que a gente tem que ter coragem de inovar", disse Lula.
Piada sobre acusação
Lula voltou a criticar as investigações e os processos criminais dos quais é alvo. Além da condenação na Lava Jato, ele é réu em outros seis. O último deles, derivado da Operação Zelotes, que investiga a venda de medidas provisórias, mereceu de Lula o título de "excrescência da excrecência".
Apesar do tom das críticas, o ex-presidente chegou a fazer piada com as acusações envolvendo o caso, que também implicaram o seu ex-ministro Gilberto Carvalho.
"Dizer que o coitadinho do Gilberto pegou seis milhões [reais]... Você não me contou o que você fez, Gilbertinho", disse Lula, para risadas da militância presente.
Segundo o ex-presidente, o PT "finalmente acordou" para o que chamou de "processo de criminalização" do partido, e atacou mais uma vez o "powerpoint" do MPF (Ministério Público Federal) em que aparecia como "comandante máximo" do esquema de corrupção desvendado pela Lava Jato.
"A imprensa mente, a Polícia Federal faz um inquérito mentiroso, o MP faz uma denúncia criminosa, e o juiz aceita", disse. "Eles estão mexendo com um político que não roubou, que não tem medo deles".
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