Compra de votos no impeachment, relação com Cunha e Temer; o que Funaro delatou
Em depoimento gravado pela PGR (Procuradoria-geral da República) em agosto deste ano, o operador financeiro Lúcio Funaro, que teve acordo de delação homologado pelo do STF (Supremo Tribunal Federal), disse ter repassado cerca de R$ 1 milhão ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) --hoje preso em Curitiba-- para compra de votos para aprovação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. Os vídeos com os trechos do depoimento foram divulgados pelo jornal "Folha de S. Paulo", na sexta-feira (13).
"Ele me pergunta se eu tinha disponibilidade de dinheiro, que ele pudesse ter algum recurso disponível para comprar algum voto ali favorável ao impeachment da Dilma. E eu falei que ele podia contar com até R$ 1 milhão”, disse Funaro ao ser questionado pelos procuradores.
Funaro disse também que ter certeza de que um percentual do dinheiro que era repassado para Eduardo Cunha ia para o presidente Michel Temer (PMDB). Em carta, o presidente disse ser alvo de uma conspiração e que Funaro não o conhecia.
Além disso, o operador afirma ter ido buscar no escritório de José Yunes, ex-assessor de Temer, em São Paulo, uma caixa com R$ 1 milhão de propina da Odebrecht que estaria destinada à campanha ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Segundo ele, era "lógico" que Yunes tinha ciência de que se tratava de recursos.
O advogado de Temer, Eduardo Carnelós, chamou a divulgação dos vídeos de "criminoso vazamento", o que irritou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já que os vídeos foram disponibilizados pelo site da Câmara.
Maia chamou o advogado de "incompetente e irresponsável" e disse que ele será processado por servidores da Câmara, inaugurando um novo episódio na crise com Temer, às vésperas da casa analisar a segunda denúncia contra o presidente da República.
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