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Roberto Jefferson critica vídeo da filha em lancha, mas pede menos machismo

Em lancha, Cristiane Brasil questiona "direito" a ação trabalhista - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Em lancha, Cristiane Brasil questiona "direito" a ação trabalhista
Imagem: Reprodução/Facebook

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

30/01/2018 13h57Atualizada em 30/01/2018 14h43

O presidente nacional do PTB e pai de Cristiane Brasil, Roberto Jefferson (RJ), afirmou nesta terça-feira (30) que a repercussão do vídeo com a filha questionando "quem tem direito" de entrar com ações na Justiça, especialmente na do Trabalho, “fala por si”. Nesta segunda (29), o vídeo em que Cristiane aparece em uma lancha, cercada de homens sem camisa gerou reações negativas nas redes sociais.

“Sobre o vídeo, a repercussão fala por si. Também teve muita deturpação. Eram famílias no barco, havia crianças passando. Dito isso, penso que uma figura pública deve se portar como uma figura pública, e usar ferramentas como Facebook e Instagram apenas em caráter institucional”, escreveu Roberto Jefferson no Twitter.

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Embora tenha alfinetado a filha, Roberto Jefferson pediu menos "moralismo e machismo" nas redes sociais. “Aliás, como tem troglodita nas redes, hein? Menos moralismo e menos machismo, por favor”, acrescentou minutos depois da primeira mensagem.

A reportagem apurou que as imagens geraram desconforto no PTB e no Planalto. Mesmo assim, por enquanto, o governo continua com a indicação de Cristiane Brasil ao ministério por uma “questão institucional” derivada da batalha judicial, segundo um assessor de Temer.

O Planalto espera que o PTB indique outro nome para encerrar o imbróglio. “A vontade do presidente é diferente do que o presidente tem de fazer”, afirmou outro interlocutor.

A postagem no Twitter foi recebida pelos seguidores de Roberto Jefferson com críticas à atitude da deputada e pedidos para que o PTB mude a indicação para a pasta do Trabalho. Alguns internautas elogiaram o "puxão de orelha" dado pelo pai na filha.

Indicação barrada na Justiça

Cristiane foi indicada pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB), para assumir o Ministério do Trabalho no início de janeiro e chegou a ter a nomeação publicada no Diário Oficial da União. No entanto, a posse como ministra foi barrada pela Justiça. O governo tem recorrido das decisões contrárias, mas ainda não obteve êxito.

Cinco ações foram movidas por um grupo de advogados do Rio de Janeiro com o objetivo de barrar a indicação da deputada para o Ministério. Os processos foram apresentados após ser revelado que Cristiane foi condenada em uma ação trabalhista por não assinar a carteira nem pagar direitos trabalhistas a um motorista que trabalhava cerca de 15 horas por dia para ela e sua família.

Vídeo em barco e defesa de Cristiane

No vídeo, Cristiane aparece em um barco ao lado de quatro homens com trajes de praia. Uma música eletrônica pode ser ouvida ao fundo. "Eu tenho para falar para vocês o seguinte: todo mundo tem o direito de pedir qualquer coisa na Justiça. Todo mundo pode pedir qualquer coisa abstrata. O negócio é o seguinte: quem é que tem direito? Ainda mais na Justiça do Trabalho", diz.

"Eu, juro para vocês, que eu não achava que eu tinha nada para dever para essas duas pessoas que entraram contra mim. E eu vou provar isso em breve", complementa. Ao longo da fala, as pessoas ao lado demonstram apoio como "eu estou com você, doutora". 

Um homem, não identificado, afirma poder dar uma declaração de que, "como empresário, ação trabalhista toda hora a gente tem", ao que outro responde: "todo mundo pode ter. Eu tenho, ele tem, todo mundo pode ter".

Ao final do vídeo, Cristiane fala querer saber "quem [sic] que pode passar na cabeça das pessoas que entram contra a gente em ações trabalhistas".

Outro lado

Procurada pelo UOL, a assessoria da deputada informou, em nota, que a "gravação e a divulgação do vídeo foi uma manifestação espontânea de um amigo, utilizada fora do contexto". A assessoria também informou que Cristiane Brasil "reitera ainda o seu respeito à Justiça do Trabalho e à prerrogativa do trabalhador reivindicar seus direitos".

A reportagem ainda perguntou à assessoria de imprensa da deputada quando o vídeo foi gravado e quem são as pessoas junto a ela, mas não obteve resposta.

O UOL também procurou a Presidência da República sobre o vídeo, as declarações e o contexto do vídeo. Oficialmente, não houve resposta.