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Operador da Lava Jato foragido é preso em Portugal

Raul Schmidt foi preso em Portugal - Reprodução/Youtube
Raul Schmidt foi preso em Portugal Imagem: Reprodução/Youtube

Do UOL, no Rio

03/02/2018 15h17

Raul Schmidt, apontado como um dos operadores do esquema investigado pela Operação Lava Jato, foi preso por volta das 12h30 deste sábado (3) na cidade de Sabugal, a cerca de 300 km de Lisboa.

Schmidt, que tem cidadania portuguesa, estava foragido. Na semana passada, a Justiça portuguesa autorizou a sua extradição ao Brasil. A decisão foi tomada em última instância, sem possibilidade de recurso

A defesa de Schmidt afirmou que "a extradição é absolutamente inconstitucional" e desrespeita tanto a Constituição brasileira quanto a portuguesa.

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), Schmidt teria intermediado pagamentos de propina para ex-gerentes e ex-diretores da Petrobras por meio de contas no exterior. Também teria atuado ilegalmente em favor de empresas estrangeiras interessadas em contratos para a construção de plataformas de petróleo.

Ele havia sido preso em Portugal em março de 2016, na primeira fase internacional da operação Lava Jato. Na ocasião, as autoridades brasileiras entraram com um pedido de extradição, mas a Justiça portuguesa permitiu a Schmidt responder ao processo em liberdade.

De 'naturalizado' a 'nato'

Segundo os termos de acordo de extradição, Schmidt só será julgado por atos praticados antes de dezembro de 2011, quando conseguiu a nacionalidade portuguesa.

No início deste ano, ele conseguiu converter seu status de "naturalizado" para "português originário", com base na alteração da Lei da Nacionalidade, em julho de 2017, que permitiu a netos de portugueses nascidos no exterior obter tal direito. 

O objetivo seria dificultar o processo de extradição.

No Brasil, Schmidt responde a duas ações penais por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Defesa chama decisão de 'escândalo'

O advogado de Schmidt no Brasil, Antônio Carlos de Almeida Castro, afirmou que foi surpreendido pela notícia da prisão e que a extradição é inconstitucional.

Segundo ele, o governo de Portugal não pode extraditar um português nato, e a decisão é um "escândalo" que abre "um precedente que preocupa enormemente".

"Será a primeira vez que teremos um brasileiro, que é português nato, sendo extraditado, e o Brasil poderá ter que dar reciprocidade se Portugal pedir a extradição de um brasileiro nato", disse.