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Juiz não pode retirar direitos e prerrogativas instituídas por lei, diz defesa de Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do advogado Cristiano Zanin - Felipe Rau/Estadão Conteúdo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do advogado Cristiano Zanin Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

17/05/2018 13h20Atualizada em 17/05/2018 16h19

Os advogados de Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins, disseram que a decisão do juiz federal Haroldo Nader de retirar benefícios do ex-presidente causa "perplexidade" e que eles irão recorrer.

Na última quarta-feira (16), o juiz federal, da 6ª Vara Federal de Campinas (SP), determinou a retirada imediata de todos os benefícios que Luiz Inácio Lula da Silva possui por ser ex-presidente da República. A decisão atendeu a um pedido ajuizado por Rubens Gatti Nunes, advogado e coordenador nacional do MBL.

"O ex-presidente Lula não foi intimado de decisão com esse conteúdo, que causa bastante perplexidade já que todos os ex-presidentes da República, por força de lei (Lei nº 7.474/86) têm direito a 'quatro servidores, para segurança e apoio pessoal'. Mesmo diante da momentânea privação da liberdade, baseada em decisão injusta e não definitiva, Lula necessita do apoio pessoal que lhe é assegurado por lei e por isso a decisão será impugnada pelos recursos cabíveis, com a expectativa de que ela seja revertida o mais breve possível", diz trecho da nota.

"A decisão agora proferida pela 6ª. Vara Federal de Campinas retira de Lula qualquer apoio pessoal que a lei lhe assegura na condição de ex-presidente da Republica, deixando ainda mais evidente que ele é vítima de 'lawfare', que consiste no mau uso e no abuso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política", dizem os advogados.

Veja a íntegra da nota:

"O ex-presidente Lula não foi intimado de decisão com esse conteúdo, que causa bastante perplexidade já que todos os ex-presidentes da República, por força de lei (Lei nº 7.474/86) têm direito a “quatro servidores, para segurança e apoio pessoal”. Mesmo diante da momentânea privação da liberdade, baseada em decisão injusta e não definitiva, Lula necessita do apoio pessoal que lhe é assegurado por lei e por isso a decisão será impugnada pelos recursos cabíveis, com a expectativa de que ela seja revertida o mais breve possível.

Nenhum juiz pode retirar direitos e prerrogativas instituídas por lei a ex-presidentes da República. Conforme parecer dos renomados Professores Lenio Luiz Streeck e André Karam Trindade (04/05/2018) sobre a matéria, essas prerrogativas são “vitalícias e não comportam qualquer tipo de exceção”. Ainda segundo esses juristas, “A existência das referidas prerrogativas, na verdade, decorre de um triplo aspecto: um, preservar a honra e o ‘status’ digno de um ex-ocupante do cargo máximo da nação; dois, quiçá ainda mais relevante, assegurar a independência necessária para o pleno exercício de suas funções de governo, com certeza de que, após o término do mandato, terá segurança e assessoria pessoais garantidas de maneira incondicional; três, contribuir para evitar o ostracismo e, com isso, induzir à alternância ao poder”.

A ação em que foi proferida essa decisão tem manifesto caráter político, já que promovida por integrantes de movimento antagônico a Lula e com o claro objetivo de prejudicar sua honra e sua dignidade.

Lula teve todos os seus bens e recursos bloqueados por decisões proferidas pela 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba e pela 1ª. Vara de Execuções Fiscais Federais de São Paulo, não dispondo de valores para sua própria subsistência e para a subsistência de sua família e muito menos para exercer a garantia da ampla defesa prevista na Constituição Federal. A decisão agora proferida pela 6ª. Vara Federal de Campinas retira de Lula qualquer apoio pessoal que a lei lhe assegura na condição de ex-Presidente da Republica, deixando ainda mais evidente que ele é vítima de “lawfare”, que consiste no mau uso e no abuso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política."