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Defesa pede, e Lula não deixará prisão no PR para depor como testemunha de Cabral

Suamy Beydoun/AGIF
Imagem: Suamy Beydoun/AGIF

Ana Carla Bermúdez e Mirthyani Bezerra*

Do UOL, em São Paulo

04/06/2018 18h30Atualizada em 04/06/2018 18h34

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deixará a sede da PF (Polícia Federal) em Curitiba, onde está preso desde o dia 7 de abril, para prestar depoimento como testemunha de defesa do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Segundo o UOL apurou, o pedido para que ele não deixe a PF nesta terça (5) partiu da própria defesa do ex-presidente e foi aceito pelo MPF (Ministério Público Federal).

A expectativa era de que o petista deixasse a polícia para depor na Justiça Federal do Paraná, que fica cerca de 5 km de distância. Como falará ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, o depoimento já estava previsto para ocorrer por meio de videoconferência, às 10h desta terça.

O pedido da defesa de Lula teve como motivação otimizar os recursos em torno do depoimento do ex-presidente. Caso Lula deixasse o local para prestar depoimento na Justiça Federal, seria necessário mobilizar agentes policiais e organizar um esquema específico de segurança.

Equipamentos da Justiça Federal do Paraná já foram levados para a sede da PF para viabilizar a videoconferência. Procurada, a PF informou que não se manifestará sobre o tema.

Sérgio Cabral foi autorizado por Bretas a acompanhar o depoimento de Lula na sala de videoconferência da sede da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Por isso, ele deixará a penitenciária onde está preso --Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó-- na manhã desta terça. A defesa também solicitou a Bretas que ele não seja conduzido na caçamba de carros da PF, alegando artrose no joelho

Os depoimentos por videoconferência são comuns nas ações penais da Lava Jato no Rio. O próprio Cabral depôs em vídeo em fevereiro deste ano, quando estava no Complexo Médico de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Na ocasião, ele se manteve em silêncio.

Lula foi arrolado como testemunha de defesa na ação penal referente à Operação Unfair Play, que investiga compra de votos na escolha Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. 

Foi essa ação que motivou a prisão do então presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, e de Leonardo Gryner, seu braço direito no comitê organizador da Rio-16. Nuzman é investigado sob suspeita de ter sido o elo entre o esquema de corrupção do governo Sérgio Cabral (PMDB) e os membros do comitê internacional. O esquema teria comprado o voto de dirigentes africanos para que o Rio de Janeiro fosse favorecido na disputa ocorrida em 2009, ano em que Lula presidia o país.

Lula está preso na PF em Curitiba após ter sido condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). Sua defesa nega que haja provas dos crimes imputados ao ex-presidente, e recorre da condenação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal). *Colaborou Hanrrikson Andrade, do UOL no Rio de Janeiro.