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Pimentel diz que ocupação de sede de governo de MG é "oportunismo político"

Fernando Moreno/FuturaPress/Estadão Conteúdo
Imagem: Fernando Moreno/FuturaPress/Estadão Conteúdo

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

06/06/2018 21h52Atualizada em 06/06/2018 22h20

Cerca de seis horas após a ocupação por policiais civis e militares do Palácio da Liberdade, sede do governo estadual, o governador Fernando Pimentel (PT) afirmou, por meio de nota, na noite desta quarta-feira (6), que a ocupação é oportunismo político e “ainda mais perigosa diante dos ataques criminosos a ônibus”.

Minas Gerais viveu seu quarto dia de ataques e incêndios a ônibus, carros de polícia e órgãos públicos em diversos municípios. O petista classificou a ocupação como “oportunista”.

Sem citar nomes, Pimentel afirmou que “o governo estadual condena veementemente a irresponsabilidade do ex-policial, já protagonista de outros episódios vergonhosos”, que insuflou uma claque a invadir o Palácio”.

Ele fez alusão ao deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), que participou do protesto desta tarde e faz oposição à gestão. O UOL entrou em contato com a assessoria do parlamentar, mas ele não se posicionou até a publicação desta reportagem.

Por volta de 15h30 desta quarta, bombeiros e policiais civis e militares, que protestavam em frente ao Palácio da Liberdade, forçaram a entrada no prédio e ocuparam os jardins da sede de governo. Os servidores da segurança pública mineira montaram barracas no local e receberam cobertores, água e lanches no início da noite.

Por volta de 22h, o TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) determinou a reintegração imediata da posse do Palácio da Liberdade e determinou multa de R$ 50 mil por hora, para sindicatos e associações dos militares, em caso de descumprimento da decisão.

O TJ-MG, porém, negou outro pedido que havia sido feito pela AGE (Advocacia Geral do Estado) para prisão das lideranças do movimento, incluindo o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT).

De acordo com a Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais, os manifestantes não deixarão o local enquanto suas reivindicações não forem atendidas.

Eles pedem reposição das perdas salariais inflacionárias dos últimos quatro anos, o fim do parcelamento dos salários e exigem o pagamento do salário no 5º dia útil.

Desde fevereiro de 2016, os servidores mineiros são pagos em até três parcelas. Quem ganha até R$ 3.000 recebe o salário em parcela única. Os servidores cujos salários vão até R$ 6.000, por sua vez, têm o pagamento dividido em duas vezes. Quem ganha acima disso recebe o salário em três parcelas.

Em nota, Pimentel diz que a queda dos índices de criminalidade é fruto da ação da Polícia Militar e que a tentativa de desestabilizar a área de segurança “é ainda mais perigosa diante dos ataques criminosos a ônibus em 26 municípios mineiros”.

“Trata-se de lamentável oportunismo político que ignora a crise herdada de gestões passadas e as limitações da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). Mesmo no cenário de crise, o governo honrou aumentos concedidos antes de 2015 e chegou a reajustar em 15% os salários dos policiais militares em abril daquele ano”, diz o governador em nota.

O Palácio da Liberdade fica na região sul de Belo Horizonte, cerca de 20 metros do quartel-general da PM. De acordo com a corporação, ninguém se feriu durante a ocupação.