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Vieira de Mello toma posse no Trabalho e defende ministério "técnico"

Michel Temer (MDB) (esq.) empossa o advogado Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello (dir.) como o novo ministro do Trabalho, em cerimônia no Palácio do Planalto - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Michel Temer (MDB) (esq.) empossa o advogado Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello (dir.) como o novo ministro do Trabalho, em cerimônia no Palácio do Planalto Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

10/07/2018 15h24Atualizada em 11/07/2018 11h12

Cinco dias após o afastamento do ex-ministro Helton Yomura (PTB) por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Michel Temer (MDB) deu posse nesta terça-feira (10) ao novo ministro do Trabalho, o advogado e desembargador aposentado Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello. O novo ministro defendeu que o trabalho da pasta deve ser "técnico".

Desde a última quinta-feira (5), quando Yomura pediu demissão, a pasta era comandada interinamente pelo ministro Eliseu Padilha (MDB), que acumulou a chefia da Casa Civil.

A posse de Vieira de Mello ocorreu em cerimônia concorrida. O Salão Leste do Palácio do Planalto ficou completamente lotado e alguns convidados tiveram que ficar do lado de fora do espaço.

Além de Temer e do novo ministro, participaram do evento Eliseu Padilha e os ministros do TST (Tribunal Superior do Trabalho) Ives Gandra Filho e Renato de Lacerda Paiva, que é vice-presidente da Corte.

No início do evento, Temer fez elogios ao escolhido para integrar seu ministério. "É um nome de grande experiência e traz para a nossa equipe, naturalmente, décadas de atuação na área jurídica, e sobretudo na área da justiça trabalhista", declarou.

Em seguida, o presidente afirmou que a prioridade do governo "é, precisamente, o emprego".

O evento foi encerrado sem que o novo ministro discursasse, exatos dez minutos após o início. Vieira de Mello só falou após o evento, em entrevista a jornalistas.

Questionado por uma repórter sobre a operação da Polícia Federal que atingiu a cúpula do ministério ocupado pelo PTB e se achava necessário fazer "uma limpa nos quadros" da pasta, o novo ministro rebateu a pergunta com outra questão: "a senhora faria, não faria?".

"Eu sou adepto da maiêutica, eu responto perguntando. Se for necessário, será feito. Eu não conheço [o ministério]. A minha vida toda foi limpa", declarou Vieira de Mello.

"Mineiro é sempre precavido, né? Eu, como bom mineiro, vou examinar bem a situação, e as medidas serão tomadas, pode ter certeza. E com transparência. Nada será oculto".

Vieira de Mello também disse não saber se a partidarização de um ministério com o dele era um erro por nunca ter participado de um. "Mas eu acho que o Ministério do Trabalho tem que ser extremamente técnico. Nós temos que funcionar tecnicamente", disse, acrescentando que Temer lhe pediu que resolvesse problemas que existem na pasta.

O novo ministro disse que soube por notícias da imprensa da operação que teve a atuação do PTB no ministério como alvo, mas que prefere esperar as "decisões judiciais competentes". "Não sou eu que vou julgar ninguém, não. Eu vou julgar o meu tempo no ministério. Eu serei juiz de mim mesmo."

Quem é o novo ministro

O anúncio do novo ministro foi feito na tarde desta segunda (9), pouco depois de Vieira de Mello se reunir com Temer no Palácio do Planalto, conforme agenda divulgada pela Presidência. Também participou do encontro o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade.

Indagado nesta terça se o seu nome foi uma indicação da Indústria, já que o anúncio ocorreu minutos depois de ele ter se encontrado com Temer juntamente com o presidente da CNI, ele disse não saber. "Que eu saiba, não. Houve um chamado do próprio presidente para um diálogo que aconteceu ontem e culminou em eu ter aceito o desafio", declarou.

O novo ministro acrescentou que não sabe quem o indicou para o cargo. "Ele fez uma verificação. E eu continuo a dizer que sou mineiro. Mineiro não fica procurando, não", afirmou Vieira de Mello.

O novo ministro do Trabalho é desembargador aposentado desde 2012 e foi vice-presidente judicial do TRT-3 (Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região), no biênio 2008 e 2009. Atualmente, ele era sócio do renomado escritório de advocacia Sergio Bermudes, no qual atuava como consultor.

Vieira de Mello é formado em direito pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). "O presidente me fez o convite, e eu aceitei”, disse Mello à Agência Brasil, nesta segunda.

Ministério era comandado pelo PTB

O Ministério do Trabalho foi comandado pelo PTB desde o início do governo Temer, em maio de 2016, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), de quem o emedebista era vice.

A pasta foi comandada pelo deputado federal Ronaldo Nogueira (PTB-RS) de maio de 2016 a dezembro de 2017. Em janeiro, Temer indicou como substituta de Nogueira a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Roberto Jefferson, presidente do partido.

A posse de Cristiane, no entanto foi impedida por uma série de decisões judiciais.

Desde que a posse de Cristiane Brasil foi impedida judicialmente, estava no comando da pasta, como ministro interino, o secretário-executivo da pasta Helton Yomura, também filiado ao PTB.

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