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Bolsonaro escolhe chefe de Comunicação do Exército como porta-voz

O General Otávio Santana do Rêgo Barros, nomeado porta-voz do Governo Bolsonaro - Reprodução/Exército Brasileiro
O General Otávio Santana do Rêgo Barros, nomeado porta-voz do Governo Bolsonaro Imagem: Reprodução/Exército Brasileiro

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

14/01/2019 19h27

O general da ativa Otávio Santana do Rêgo Barros, 58, foi escolhido para ser o porta-voz do presidente Jair Bolsonaro. Diferentemente dos outros ministros militares, Rêgo Barros, continua nos quadros do Exército para exercer a função, segundo disse ao UOL.

O general é o atual chefe do Centro de Comunicação Social do Exército e foi um dos principais responsáveis pela política de comunicação do Exército durante o comando do general Eduardo Villas Bôas, que passou o cargo para o general Edson Leal Pujol na sexta-feira (11).

Rêgo Barros disse à reportagem que continuará no quadro ativo do Exército, ou seja, não vai para a reserva. Ele trabalhará agregado à Presidência.

"Serei o porta-voz do presidente. Na prática, falarei sobre os assuntos do governo", disse por telefone. 

A nomeação de um porta-voz oficial vinha sendo discutida pela equipe de Bolsonaro para evitar desencontro de informações e recuo em anúncios feitos pelo governo.

O general disse ao UOL que sua indicação como porta-voz é uma tentativa de buscar unicidade na comunicação do governo. Ele deve receber as informações nas palavras de Bolsonaro e transmiti-las aos órgãos de comunicação e redes sociais.

Rêgo Barros afirmou ainda que o país tem um futuro promissor e essa é a hora da sociedade se unir para viabilizá-lo. "Esse é um momento muito especial, é um momento de juntar forças para esse futuro chegar", disse.

Com perfil comunicativo Rêgo Barros já serviu no Haiti e tem facilidade para tratar com a imprensa. Ele foi um dos principais responsáveis pela ampliação do uso das redes sociais para divulgar informações do Exército e pontos de vista do comandante.

Carreira

Rêgo Barros se formou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1981. Ele é da arma de cavalaria, a mesma dos generais ministros Augusto Heleno Ribeiro Pereira (Gabinete de Segurança Institucional) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) e do comandante do Exército, Edson Leal Pujol.

Antes de chefiar o Centro de Comunicação Social do Exército, o novo porta-voz de Bolsonaro já comandou o 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado, foi oficial do gabinete do comandante, trabalhou na inteligência do Exército e foi comandante de batalhão do 12º contingente do Exército na missão de paz da ONU no Haiti.

Ele também foi comandante na força de pacificação dos Complexos do Alemão e da Maré, no Rio, comandou a 4º Brigada de infantaria do Exército e foi o responsável pela segurança da Conferência Rio+20 (2012).

Estratégia no Exército

A área de relações públicas do Exército começou a funcionar em 1951 no então Gabinete do Ministro da Guerra e passou a ser chamada Centro de Comunicação do Exército (CCOMSEx) em 1981.

Após o regime militar, a política de comunicação do Exército era não comentar assuntos considerados polêmicos, que pudessem remeter ao período da ditadura ou causassem divisões na sociedade. A política ficou conhecida como "Estratégia do Grande Mudo".

Segundo um artigo assinado por Rêgo Barros na Agência Verde Oliva, a agência de notícias do Exército, "no século 21 o Exército Brasileiro retomou seu lugar de destaque devido ao chamamento da população, mostrando-se imprescindível para a sociedade brasileira".

Esse processo de abertura se intensificou especialmente a partir da participação do Exército na missão de paz do Haiti (2004-2017) e das operações de Garantia da Lei e da Ordem..

Rêgo Barros teve grande participação nesse processo. Ele chegou ao CCOMSEx em 2014 e foi o responsável por ampliar a utilização do Twitter e do Instagram. Sob sua gestão, o canal do Exército no YouTube chegou a 100 mil seguidores.

O uso das redes sociais - também marca da comunicação de Bolsonaro - começou no Exército em 2010 e culminou em 2018, quando Villas Bôas passou a tratar mais intensamente de assuntos externos à caserna pelo Twitter. O Exército passou a ser um dos órgãos da administração pública com o maior número de seguidores nas mídias sociais.