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Sobrenome é a razão pela qual Flávio tem tanta visibilidade, diz Bolsonaro

22.jan.2019 - Presidente Jair Bolsonaro em Davos - Fabrice COFFRINI / AFP
22.jan.2019 - Presidente Jair Bolsonaro em Davos Imagem: Fabrice COFFRINI / AFP

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

24/01/2019 20h33Atualizada em 24/01/2019 20h44

O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que as suspeitas que recaem sobre um de seus filhos, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro, são uma tentativa de atingir seu governo. A declaração foi dada ao jornal norte-americano The Washington Post, em entrevista concedida na quarta-feira (23) e publicada nesta quinta (24). O presidente chegou a dizer que a questão não era "da conta" da repórter que lhe entrevistava.

Bolsonaro foi questionado pela jornalista Lally Weymouth sobre "o escândalo envolvendo seu filho". "É relatado que seu filho contratou várias pessoas com laços estreitos com membros de gangues", disse a repórter. Flávio já empregou duas parentes de um suspeito de integrar um grupo de milicianos no Rio.

"Isso não é um assunto do governo ou da administração federal --ou da sua conta--, mas vou expressar minha opinião sobre o assunto", respondeu Bolsonaro, segundo registrou o jornal.

"Em grande medida, seu nome de família, Bolsonaro, é a razão pela qual ele tem tanta visibilidade. O que foi dito sobre ele até agora é o resultado de acusações políticas de pessoas que querem criticar minha administração", afirmou.

A resposta tem o mesmo tom da que foi dada pelo presidente em entrevista à Record TV na quarta-feira. "Acredito nele. "A pressão enorme em cima dele é para tentar me atingir. Ele tem explicado tudo o que acontece com ele nessas acusações infundadas que tem feito. Esteve, sim, com seu sigilo quebrado, fizeram uma arbitrariedade para cima dele nessa questão", afirmou.

"Nós não estamos aí acima da lei, muito pelo contrário. Como qualquer outro estamos abaixo da lei. Agora, que cumpra a lei. Não façam de maneira diferente para conosco. Não é justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele para tentar me atingir [...] Ao meu filho aquele abraço, fé em Deus, que tudo será esclarecido com toda certeza", complementou Bolsonaro à emissora brasileira.

Referindo-se à notícia de que Flávio condecorou dois policiais que foram alvos de operação contra a milícia na terça (22), Bolsonaro disse ao jornal americano que o filho "sempre trabalhou" com a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e concedeu mais de 300 diferentes condecorações e títulos de honra aos agentes que lutaram em combate.

"Dois deles estão sendo acusados de irregularidades", apontou Bolsonaro.

"Claramente, a pessoa que concedeu a decoração não pode ser culpada. Se alguma evidência se tornar disponível contra meu filho, ele será punido como qualquer outra pessoa e cumprirá sua pena", concluiu o presidente brasileiro.

Esta parte da resposta se assemelha à declaração dele em entrevista à Agência Bloomberg, nesta quarta. "Se por acaso ele errou e isso for provado, lamento como pai, mas ele terá de pagar o preço por esses atos que não podemos aceitar", disse.

As entrevistas de Bolsonaro ao The Washington Post, à Bloomberg e à Record TV foram dadas em Davos, onde o presidente estava para participar do Fórum Econômico Mundial. Na cidade suíça, Bolsonaro cancelou na quarta-feira a única entrevista coletiva que concederia a jornalistas do Brasil e de outros países. Auxiliares do presidente alegaram que ele precisava descansar, porque na segunda-feira (28) será submetido a uma cirurgia para tirar a bolsa de colostomia que tem usado desde que foi esfaqueado durante um ato de campanha, em setembro do ano passado.

Entenda

Flávio Bolsonaro empregou até novembro do ano passado em seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) a mãe e a mulher do ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, 42, suspeito de comandar milícias.

Nóbrega está foragido e é um dos 13 alvos da operação deflagrada na terça (22) pelo Ministério Público do Estado para prender suspeitos de chefiar milícias que atuam nas comunidades como de Rio das Pedras e Muzema, na zona oeste da capital fluminense.

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