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Flávio Bolsonaro diz que não renuncia e acusa MP de vazar dados para Globo

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

24/01/2019 20h28Atualizada em 24/01/2019 21h09

Em entrevista concedida ao SBT nesta quinta-feira (24), o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou que não vai renunciar ao mandato para proteger o governo federal. O filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ainda acusou o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) de vazar informações contra ele para a TV Globo.

"Olha, estavam conversando na mesma mesa o procurador do MP que está cuidando desse caso do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira) e um repórter da Globo. Isso foi há poucos dias no Rio de Janeiro", afirmou Flávio, mostrando à câmera duas fotos nas quais o repórter Otávio Guedes está conversando com o procurador José Eduardo Gussem sentados a uma mesa em um restaurante.

O senador ainda afirmou que não vai renunciar ao cargo, questão que foi ventilada em Brasília nessa semana. "É uma mentira, nem sei de onde surgiu essa história. Vou tomar posse e trabalhar muito. Não vou me afastar, e quero aproveitar a oportunidade para falar da grande perseguição que estou sofrendo".

Como em outras entrevistas, Flávio Bolsonaro reiterou que a investigação do Ministério Público "tem muitas coisas estranhas, ilegalidades flagrantes, claras". Segundo Bolsonaro, seu sigilo foi quebrado, argumento que já foi contestado pelo MP-RJ.

Também foi suscitado na entrevista um suposto elo entre o senador e policiais militares investigados por fazerem parte de milícias. Na última terça-feira (22), o jornal Folha de S. Paulo revelou que Flávio empregou em seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) a mãe e a mulher de um ex-policial militar suspeito de comandar milícias no Rio de Janeiro.

"Eu sou contra as milícias. Sempre fiz a defesa dos servidores da segurança pública, mas sou contra qualquer tipo de estado paralelo", afirmou o senador eleito. Outra reportagem da Folha mostrou que Flávio já prestou homenagens na Alerj a policiais que viriam a ser acusados de integrar milícias.

"Já ofereci centenas de homenagens para policiais, essa informação veio agora. Nos casos que estão gerando essa discussão, foram situações específicas. Acho que não tem problema nenhum, tem que homenagear os policiais que se destacam", argumentou o senador eleito. 

Outro lado

O Ministério Público do Rio de Janeiro, por meio do procurador-geral José Eduardo Gussem, afirmou ao SBT que não quebrou o sigilo de Flávio Bolsonaro nem dos outros deputados investigados por conta dos relatórios do Coaf. Além de Flávio, outros 26 parlamentares são investigados.

Por meio de nota, o MP admitiu que houve um encontro do procurador com o repórter Otávio Guedes e que a comunicação com veículos de imprensa faz parte da estratégia do Ministério Público. 

O jornalista Otávio Guedes, em entrevista a um programa da Globonews, disse que o encontro com o MP faz parte da rotina de trabalho que mantém e que percebeu o momento em que as fotos foram tiradas.