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No Twitter, Bolsonaro rebate ator e nega censura a filme sobre "cura gay"

A atriz australiana Nicole Kidman em cena de "Boy Erased - Uma verdade anulada" - Reprodução
A atriz australiana Nicole Kidman em cena de "Boy Erased - Uma verdade anulada" Imagem: Reprodução

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

03/02/2019 22h44

O presidente Jair Bolsonaro usou sua conta no Twitter para negar que tenha mandado censurar no Brasil um filme norte-americano que trata sobre um processo de "cura gay". 

"Fui informado de que um ator americano está me acusando de censurar seu filme no Brasil. Mentira! Tenho mais o que fazer. Boa noite a todos!", postou o presidente em sua conta na rede social por volta das 21h30. 

A manifestação de Bolsonaro, que segue internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, acontece depois que a Universal, distribuidora do filme "Boy Erased - Uma verdade anulada" no Brasil, anunciou que não iria levar o longa às salas de cinema e distribuiria a história apenas em DVD e outros formatos domésticos. 

Diversas postagens nas redes sociais dentro e fora do Brasil lamentaram a decisão da Universal e acusaram a distribuidora de desistir do filme com medo da onda conservadora que tomou parte do país.

O ator norte-americano Kevin McHale, famoso por sua participação na série Glee, usou o Twitter para criticar a decisão e acusar o governo Bolsonaro de censura. "Então começou. Boy Erased acabou de ser banido no Brasil. Bolsonaro é uma ameaça e um perigo para a comunidade LGBTQ+ no Brasil. Censurar um filme sobre os perigos da terapia de conversão é só o começo", publicou o ator na rede social. 

A Universal negou e divulgou nota afirmando que foi uma decisão comercial: projeções indicavam que o custo de propaganda e distribuição do filme nos cinemas seria maior do que a arrecadação de bilheteria.

Apesar disso, o ator não voltou atrás. Em uma série de mais quatro postagens sobre o assunto neste domingo (3), ele insiste que quando acontece censura, ela geralmente não é admitida e levantou dúvidas sobre as explicações da Universal. McHale também afirmou que Bolsonaro não precisava mandar censurar o filme pessoalmente, mas que o ambiente que ele havia criado no país com sua eleição incentivava este tipo de coisa.

Baseado em fatos reais, "Boy Erased - Uma verdade anulada" conta a história de um jovem homosexual de uma família extremamente religiosa no Sul dos Estados Unidos que é submetido a um traumático processo de "cura gay" da igreja que seus pais frequentam.