Lula chega a velório do neto no ABC sob escolta de policiais armados
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou às 11h04 de hoje ao cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para acompanhar o velório do neto Arthur, 7, que morreu ontem em decorrência de uma meningite meningocócica.
Policiais federais com armas de grosso calibre fizeram a escolta de Lula na chegada ao cemitério. Em clima marcado por forte comoção, militantes rezaram o "Pai Nosso" e aplaudiram o ex-presidente. Eles tiveram acesso ao velório, mas, pouco antes da chegada de Lula, o local teve as portas fechadas. A cerimônia de cremação aconteceu às 12h.
Agentes da PF restringiram o acesso da militância ao velório. Alguns militantes chegaram a gritar para a PF ir atrás de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL) investigado por movimentação atípica em sua conta, e das suspeitas de candidaturas de laranjas do partido de Jair Bolsonaro.
Ante a possibilidade de entrada de um ativista com bandeira de movimento social, um policial federal afirmou a um segurança do PT: "se houver baderna, vamos embora e acabou". O segurança imediatamente gritou a outros seguranças: "ninguém entra!". Agentes autorizaram, contudo, uma mãe a entrar no velório com cinco amigos de escola de Arthur.
A cerimônia contou ainda com uma oração conjunta "por Arthur e pela melhora do país" que envolveu a família, amigos e militantes dentro e fora do local do velório.
O petista deixou a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, às 7h, em um helicóptero da Polícia Civil. Na porta da sede da PF, havia poucos militantes, um deles gritou "força Lula" antes de o ex-presidente entrar no helicóptero. Dali, foi levado para o aeroporto de Curitiba, onde embarcou, às 7h18, para Congonhas.
A bordo de uma aeronave cedida pelo governo do Paraná, Lula chegou por volta das 8h30 no Aeroporto de Congonhas, na zona sul paulistana, e embarcou em um helicóptero por volta das 10h30 até um heliponto próximo ao cemitério. Na sequência, foi escoltado de carro por agentes da PF, com apoio de policiais militares.
Justiça Federal autorizou a saída do petista --preso desde abril do ano passado-- para acompanhar o velório. A autorização para que Lula deixasse temporariamente a cadeia teve base na Lei de Execução Penal, que permite a saída de presos em regime fechado em casos de falecimento ou doença grave do cônjuge e de familiares.
No cemitério, a segurança foi reforçada pela Polícia Militar --antes das 9h, 20 viaturas de batalhões especiais e cerca de 20 policiais a pé entraram no cemitério.
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), entre outros amigos e familiares, prestam solidariedade à família de Lula no cemitério.
O deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente nacional do PT, disse, antes de entrar no cemitério, que "pegaria muito mal" se a Justiça proibisse Lula de participar do velório do neto.
"É mais um drama, para um preso político, preso sem crime, preso sem culpa, e agora, antes de completar um ano de prisão, já perdeu sua esposa, perdeu o irmão, do qual não pode participar do velório, e agora acho que pegaria muito mal proibi-lo", afirmou.
Guilherme Boulos (PSOL), que disputou a Presidência no ano passado, disse, ao chegar, que aqueles que criticaram a soltura provisória de Lula são mau caráter. "Conversei com a família, dei os pêsames. Felizmente, desta vez houve bom senso da Justiça e da Polícia Federal para que ele pudesse se despedir de seu neto."
Militantes do PT prestam homenagem
Antes de Lula chegar, militantes entraram no local onde o corpo de Arthur é velado, prestaram condolências à família e saíram por uma porta lateral. Militantes que ocupavam espaços por onde estava prevista a passagem de Lula tiveram de deixar o local sob o argumento de que haveria uma ordem da PF para isso.
De acordo com a coluna Painel, do jornal "Folha de S.Paulo", o próprio ex-presidente Lula desestimulou atos políticos do PT no velório, por receio de que sua saída temporária fosse rejeitada. A movimentação de militantes ocorreu de forma comedida. A região do cemitério teve barragens de isolamento feitas pela polícia, mas os poucos manifestantes que foram ao local conseguiram entrar no cemitério sem problemas.
Com informações do "Estadão Conteúdo"
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