Assédio, lombada, cartilha e até bananas: a 1ª live de Bolsonaro presidente
No início da noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez a sua primeira live no Facebook depois de assumir o cargo no Palácio do Planalto. Embora tenha gravado pequenos vídeos no hospital entre janeiro e fevereiro, onde esteve internado para retirar uma bolsa de colostomia, o presidente ainda não havia feito transmissões ao vivo aos moldes das que gravava na época em que ainda era candidato, tratando de diversos assuntos diretamente com seus eleitores e sem perguntas de jornalistas.
Ao lado dele, estavam o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, e o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ao longo de quase 21 minutos, o trio falou sobre vários temas, mas não houve qualquer menção aos casos de candidaturas-laranjas do PSL ou ao vídeo com imagens obscenas gravadas no carnaval que o presidente reproduziu em sua conta no Twitter na última terça-feira (5).
Em contrapartida, Bolsonaro e seus convidados falaram sobre uma declaração polêmica dele sobre militares e a democracia; reforma da Previdência; gastos com cartão corporativo; lombadas eletrônicas; mudança da caderneta de vacinação infantil - que, na verdade, se trata de uma cartilha para saúde de crianças e adolescentes; e até a concorrência de bananas vindas do Equador com a das produzidas no Vale do Ribeira, região paulista onde foi criado.
Sobrou ainda tempo para piada. Ao falar sobre o fim da obrigatoriedade de cursos de diversidade e prevenção ao assédio moral e sexual em edital do Banco do Brasil, o presidente, em meio a risadas, perguntou aos dois integrantes do governo se eles estão preparados para fazer a prova.
Veja abaixo alguns assuntos abordados na transmissão ao vivo.
Fala polêmica sobre Forças Armadas
O presidente iniciou a transmissão da noite dizendo que "para variar, sua fala gerou polêmica", dando a entender que foi mal interpretado. "As Forças Armadas no Brasil sempre estiveram ao lado do Brasil e da liberdade", disse o presidente. Heleno tomou a palavra e afirmou que as Forças Armadas são um "pilar da democracia e da liberdade". "Essa não é uma fala polêmica, as suas palavras foram de improviso e foram colocadas exatamente para aqueles que amam sua pátria, e que vivem diariamente a manutenção da democracia e da liberdade", disse o ministro.
Militares e políticos na Previdência
De acordo com o presidente, a reforma da Previdência é necessária para garantir o desenvolvimento do Brasil e vai combater privilégios e desigualdades, com parlamentares se aposentando com o teto do INSS e militares também sendo afetados pelas mudanças.
Gastos com cartões corporativos
O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), usou a cerimônia de posse de 1º de janeiro para justificar o aumento de 16% nos gastos da Presidência da República com cartão corporativo nos primeiros meses de 2019. A despesa neste período foi de R$ 1,1 milhão, segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Bolsonaro ainda lembrou que no mesmo período de 2018, somente o presidente da República, sem vice-presidente, usava o cartão. Em janeiro de 2019, seriam ele, seu vice - General Hamilton Mourão e o ex-presidente Michel Temer (MDB).
Fim das lombadas eletrônicas
Depois de dizer que o objetivo das lombadas eletrônicas "não é diminuir acidentes" e sim multar os motoristas, o presidente afirmou que "não haverá mais lombadas eletrônicas e as que já existem não serão renovadas".
Diversidade e assédio: questão de educação, não precisa de curso
Até um edital de concurso público para assistente técnico do Banco do Brasil foi comentado. Segundo o presidente, eram exigidos cursos de diversidade e prevenção ao assédio moral e sexual de quem fazia a prova, mas ele disse que isso não deverá acontecer mais. "Isso é questão de educação, ninguém precisa fazer curso nesse sentido. [...] Nos futuros editais, não teremos mais essa obrigatoriedade", afirmou.
Caderneta de "vacinação"
Durante a transmissão, o presidente informou que será feita uma nova caderneta de vacinação. Segundo Bolsonaro, ele exigiu a mudança após assistir ao vídeo de uma mulher mostrando figuras que "não caem bem para meninos e meninas". "Eu me sensibilizei com as críticas da senhora. Ela [a cartilha] é de 2012, da senhora Dilma Rousseff, e tem informações boas aqui sim, mas o final aqui fica complicado", disse.
De acordo com o presidente, após ligar para o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, a solução encontrada foi "fazer uma cartilha mais barata, com menos páginas, sem essas figuras e recolher as outras". A dica de Bolsonaro para os pais que se incomodarem com imagens é que tirem as últimas páginas enquanto não chegam as novas cadernetas.
Apesar de Bolsonaro falar em "vacinação" e de 2012, a caderneta a que ele se refere é de 2010, e se trata de uma cartilha de saúde do adolescente. As imagens mostradas pelo presidente são de uma página que ensina aos garotos e garotas a forma correta de usar uma camisinha masculina.
Atenção redobrada para militares
Depois de elogiar o diretor-geral do Departamento Nacional de infraestrutura de Transportes (DNIT), Antônio Leite dos Santos Filho, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas - ambos com formação militar - Bolsonaro destacou que há "muitos civis no governo". Porém, admitiu atenção especial aos militares.
"Não vale dizer que tem apenas militar aqui. Agora, obviamente, porque eu sou militar, a gente dá uma atenção redobrada aos militares, que fazem o seu trabalho com muito zelo, como muitos civis que estão no nosso governo estão fazendo", disse.
Competitividade de bananas do Equador
O presidente também demonstrou preocupação com o valor de importação das bananas do Equador, que concorrem no CEAGESP, em São Paulo, com o produto produzido no Vale do Ribeira, no sul do estado, região onde Bolsonaro foi criado. Ele afirmou que vai rever a questão com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Slogan de campanha
O presidente encerrou a live citando o slogan de sua campanha eleitoral: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", indo contra uma determinação que ele mesmo emitiu no começo do ano para a comunicação de atos do governo.
O objetivo, segundo documento da época, seria não ferir o artigo 37 da Constituição, que prevê que a administração pública deve obedecer ao princípio da impessoalidade, sem atender a interesses pessoais.
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