Lava Jato: Quem são os detidos na operação que prendeu Michel Temer
O Ministério Público Federal fez o pedido de prisão de 12 pessoas na operação da força-tarefa Lava Jato que foi realizada pela Polícia Federal hoje --dois deles foram indeferidos pelo juiz Marcelo Bretas. Entre os presos, estão o ex-presidente Michel Temer (MDB), o coronel João Baptista Lima Filho e o ex-ministro Moreira Franco. Nove pessoas já foram presas e uma ainda é procurada.
Veja quem são os envolvidos na operação de hoje:
Prisão preventiva:
Michel Miguel Elias Temer Lulia - Ex-presidente, assumiu o cargo com o afastamento de Dilma Rousseff (PT) ainda durante o processo de impeachment, em 2016. Foi vice de Dilma também em seu primeiro mandato. É apontado pelo MPF como "líder de uma organização criminosa". Foi preso hoje sob suspeita de ter recebido propina por meio de um contrato de empreiteiras com Eletronuclear, estatal responsável pela construção de Angra 3. O criminalista Eduardo Pizarro Carnelós disse que a prisão de Temer "constitui mais um e dos mais graves atentados ao Estado Democrático de Direito no Brasil". "Dos termos da própria decisão que determinou a prisão, extrai-se a inexistência de nenhum elemento de prova comprobatório da palavra do delator."
No pedido de prisão feito hoje, ele é apontado como operador financeiro de Temer, recebendo propinas ligadas ao contrato da Eletronuclear. Além disso, a empresa Argeplan, à qual coronel Lima é ligado, participou do consórcio vencedor da licitação para a obra da usina de Angra 3 para "repassar valores a Michel Temer". Já foi já foi alvo duas vezes de operações da PF e permaneceu preso por alguns dias no ano passado, mas foi solto sem depor pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
O advogado Maurício Silva Leite, defensor de João Baptista Lima Filho, declarou estar perplexo com a prisão decretada. Segundo o advogado, "a própria Procuradoria-Geral da República manifestou-se em relação aos mesmos fatos e concluiu que não havia elementos para a prisão do meu cliente". "Surpreendentemente, 2 meses depois, contrariando o entendimento da PGR, a prisão é decretada pela 1ª instância, sem a existência de nenhum fato novo."
Carlos Alberto Costa - É sócio do coronel Lima na Argeplan --oficialmente, segundo o documento de hoje, sócios desde 2011, mas Lima teria ligações com a empresa desde a década de 1980, quando a dupla administrava a Argeplan em conjunto. A empresa e seus sócios firmavam contratos de prestação de serviço fictícios para possibilitar o recebimento do dinheiro ilícito. Carlos Alberto Costa auxiliava a viabilizar esses negócios ilícitos. O UOL ainda não conseguiu contato com a defesa.
Vanderlei de Natale - Empresário, é sócio da Construbase Engenharia. Teria uma relação pessoal com o coronel Lima e seria amigo de Temer, que já voou em helicóptero de Natale. É investigado em outros processos da Lava Jato ligados a Temer. Sua empresa já era investigada em caso envolvendo licitações da Petrobras e aparece como autora de repasses de propinas para o ex-presidente da Eletronuclear. O documento de hoje diz que a Construbase teria simulado contratos para esconder valores. Seu advogado, Fernando José da Costa, afirmou que a prisão é ilegal e não vincula Vanderlei "aos fatos apurados no Rio de Janeiro". A defesa diz ainda que a empresa nunca prestou serviços para a Eletronuclear.
Carlos Alberto Montenegro Gallo - Dono da CG Consultoria, foi condenado na Lava Jato na mesma ação de Othon Luiz Pinheiro da Silva e a filha dele, Ana Cristina. O UOL ainda não conseguiu contato com a defesa.
Prisão temporária:
Rodrigo Castro Alves Neves - Dono da empresa Alumi Publicidades. teria sido responsável por intermediar o pagamento de propina para o coronel Lima por meio de contrato com a empresa PDA Projeto e Direção Arquitetônica, de Lima e Fratezi. O UOL ainda não conseguiu contato com a defesa.
Carlos Jorge Zimmermann - representava a empresa finlandesa-sueca AF Consult, vencedora da licitação de Angra 3 e ligada ao coronel Lima, na época da licitação do contrato. É ainda ex-funcionário da Engevix. Teria auxiliado no esquema da licitação de Angra 3, intermediando pagamento de propina. O UOL ainda não conseguiu contato com a defesa.
Pedidos de prisão preventiva indeferidos
Othon Luiz Pinheiro da Silva - Ex-presidente da Eletronuclear, o almirante já foi condenado no âmbito da Lava Jato, recebendo uma das maiores condenações: 43 anos de prisão. Visto como o pai do programa nuclear brasileiro, presidiu o órgão entre 2005 e 2015. Nas décadas de 70 e 80, chefiou o programa nuclear secreto da Marinha para a produção de eletricidade a partir do urânio. Segundo o MPF, Othon teria interferido na vitória do consórcio que venceu a licitação internacional --uma das empresas do grupo pertence ao coronel Lima. O seu "emprenho pessoal" teria assegurado o desvio de recursos públicos federais para a construção da usina. O UOL ainda não conseguiu contato com a defesa.
Ana Cristina da Silva Toniolo - É filha de Othon Luiz Pinheiro da Silva e sócia do pai na empresa Aratec Engenharia --ela assumiu a administração da construtura quando o pai assumiu a presidência da Eletronuclear, em 2005. Foi condenada a quase 15 anos de prisão em caso envolvendo desvios em Angra 3. O UOL ainda não conseguiu contato com a defesa.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.