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Após críticas de Crivella, Witzel retira escolta do prefeito feita por PMs

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

21/03/2019 10h14

As divergências entre o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), e o governador do estado, Wilson Witzel (PSC), ganharam novos contornos hoje com a determinação feita por Witzel para que os policiais militares que fazem a segurança do prefeito sejam realocados em outras funções. Publicado no Diário Oficial de hoje, o governador solicitou que 27 servidores --todos são policiais-- cedidos ao executivo municipal deixem as suas funções e voltem ao governo.

A decisão de Witzel acontece menos de 48 depois de Crivella ter criticado PMs em um evento realizado na zona oeste da capital fluminense. Além de definir o estado como "uma esculhambação completa", o prefeito disse que policiais militares sobem os morros para pegar arrego (propina).

Por que esses meninos [do tráfico] são tão valentes? É porque, quando o político rouba e fica rico, o comandante do batalhão também quer ficar rico. O coronel quer ficar rico. O tenente, o sargento querem ficar ricos. Aí, eles sobem o morro para pegar o arrego. O arrego é o troco da cocaína.

Marcelo Crivella, prefeito do Rio

Em nota, Crivella afirmou que as suas falas foram descontextualizadas e garantiu que se referia a uma "minoria da corporação".

No Diário Oficial do estado, Witzel determina que 27 servidores cedidos à prefeitura retornem às suas funções de origem - Reprodução/Diário Oficial - Reprodução/Diário Oficial
No Diário Oficial do estado, Witzel determina que 27 servidores cedidos à prefeitura retornem às suas funções de origem
Imagem: Reprodução/Diário Oficial

Procurado hoje para comentar o ato do governador, o prefeito ainda não se manifestou. Também não se sabe ainda se a segurança do prefeito passará a ser feita por guardas municipais.

Sem citar nominalmente Crivella, Witzel disse ontem, em vídeo publicado em rede social, não aceitar "qualquer declaração leviana" a respeito da PM.

A deputada federal Major Fabiana (PSC-RJ) também apresentou um pedido de moção de repúdio às falas de Crivella na Câmara Federal, em Brasília. A deputada chegou a afirmar que o prefeito sofria de "diarreia mental".

Por meio de nota, o secretário de Polícia Militar, coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, definiu a declarações como "absurdas" e afirmou que elas ofendem a categoria.

Lamentável e inacreditável que o prefeito do município do Rio de Janeiro --uma cidade com problemas tão sérios a resolver-- seja capaz de proferir declarações tão absurdas durante uma reunião pública.

Rogério Figueiredo de Lacerda, secretário da PM do RJ

"Desprovido de senso de justiça e conhecimento dos fatos, o Sr. Marcelo Crivella ofendeu de forma cruel uma legião de 45 mil policiais militares. São homens e mulheres honrados que diariamente enfrentam a criminalidade para defender a sociedade. Muitos, como mostram as estatísticas, perderam suas vidas", acrescentou.