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"Moro mostrou ao governo que diálogo pode gerar resultados", diz Maia

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) - Michel Jesus/ Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) Imagem: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

23/05/2019 14h04

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse hoje que o ministro da Justiça, Sergio Moro, mostrou ao governo Jair Bolsonaro (PSL) que o "diálogo" pode gerar resultados. Para Maia, apesar de o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Fiscais) ter saído das mãos de Moro, a votação apertada foi resultado do esforço do ex-juiz federal em dialogar e convencer parlamentares.

"Teve uma participação muito efetiva do ministro Moro. Ele mostrou para o próprio governo que o diálogo pode gerar resultados. Ele conseguiu convencer bastante parlamentares. Mais do que o governo vem convencendo nos últimos meses", disse Maia. Durante a tramitação da MP (Medida Provisória), Moro se reuniu com dezenas de deputados para tentar manter o Coaf sob seu comando.

Já na opinião de deputados do PSL, a votação por 228 a 210 votos que tirou o Coaf de Moro foi apertada em razão da pressão de redes sociais --integrantes do partido expuseram nominalmente a relação de quem votou pela transferência do órgão de inteligência financeira da Justiça para Economia.

Maia considerou que o resultado não foi positivo para o governo, mas que Moro mostrou que a discussão facilita a análise dos projetos. "Ele mostrou que, se os ministros do governo tiverem uma participação efetiva nas discussões das matérias de cada ministério, a gente pode ter mais facilidades em cada uma das matérias", disse Maia.

O elogio a Moro acontece um mês após ambos trocarem farpas em torno do projeto anticrime do ex-juiz. O presidente da Câmara chegou a chamar Moro de "funcionário" de Bolsonaro e colocou o projeto para andar em banho-maria.

A discussão sobre o Coaf faz parte da análise da MP 870, que reduziu o número de ministérios de 29 para 22. A alteração feita por Bolsonaro transferiu o órgão --que ajuda no combate a lavagem de dinheiro e crimes financeiros-- para a pasta da Justiça. Os deputados, no entanto, votaram para que o conselho volte à Economia, onde esteve desde sua criação, em 1998.

A aprovação do texto da MP foi finalizada hoje na Câmara e agora segue para o Senado. A MP tem que ser aprovada até 3 de junho, prazo em que perde a validade.

Crise na articulação política

Nesta semana, a dificuldade de diálogo entre o presidente da Câmara e o líder do governo na Casa voltou aos holofotes. Maia disse que rompeu relações pessoais com o Major Vitor Hugo (PSL-GO) após o deputado divulgar montagens sugerindo que o Parlamento só negocia em troca de dinheiro.

Vitor Hugo disse que a crítica não era pessoal a Maia, mas ao modelo de articulação e que quer construir pontes.

A reunião com líderes que decidiu pela aprovação definitiva da MP não teve a presença de Vitor Hugo. Ele foi informado sobre o acordo já no plenário, momentos antes da votação.