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O que Moro fez não tem preço, diz Bolsonaro em 1ª fala após vazamentos

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

13/06/2019 10h56Atualizada em 13/06/2019 12h36

Quatro dias após vazamentos de mensagens trocadas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, quando juiz federal, e integrantes da Operação Lava Jato, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se manifestou em público pela primeira vez sobre o caso e disse que o trabalho de Moro "não tem preço".

"O que ele fez não tem preço. Ele realmente botou para fora, mostrou as vísceras do poder, a promiscuidade do poder no tocante à corrupção", declarou.

"A Petrobras quase quebrou, fundos de pensão, muitos quebraram. O próprio BNDES, falei agora há pouco aqui, nessa época 400 e poucos bilhões de reais entregues para companheiros comunistas e para amigos do rei aqui dentro. Ele faz parte da história do Brasil", disse em evento de lançamento de uma linha de crédito do BNDES para organizações filantrópicas.

Antes de ser convidado para assumir o Ministério da Justiça, Moro era juiz federal em Curitiba e responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância.

As conversas publicadas pelo "The Intercept Brasil" no último domingo mostram que o então magistrado Moro orientou investigações e estabeleceu diálogos com os procuradores, comportamento vetado pela Constituição.

O conteúdo das mensagens vazadas pode colocar em xeque a isenção de Moro no caso. Hoje, Bolsonaro defendeu que ninguém forjou provas.

"Normal é conversa com doleiro, com bandidos, com corruptos. Isso é normal? Nós estamos unidos do lado de cá para derrotar isso daí. Ninguém forjou provas nessa questão lá da condenação do Lula", afirmou.

O presidente ainda criticou a forma como as mensagens foram obtidas pelo "Intercept" e questionou a veracidade delas.

"Se vazar o meu aqui [minhas mensagens], tem muita brincadeira que faço com colegas ali que vão me chamar de novo tudo aquilo que me chamavam durante a campanha. E houve uma quebra criminosa, invasão criminosa, se é que o que está sendo vazado é verdadeiro ou não", falou.

Até hoje, Bolsonaro tinha evitado comentar publicamente sobre a crise gerada pelas mensagens vazadas. Na terça, ele encerrou uma entrevista ao ser questionado sobre o assunto.

Apesar de não falar sobre o assunto, Bolsonaro apareceu ao lado de Moro em público duas vezes esta semana.

Ontem, em gesto de apoio público, Bolsonaro convidou Moro para assistirem juntos ao jogo Flamengo e CSA no Estádio Mané Garrincha.

Na terça (11), o presidente recebeu Moro no Palácio da Alvorada e foram para evento da Marinha de lancha. Na ocasião, junto a outros ministros, Moro foi condecorado com a Ordem do Mérito Naval.

Sobre a ida ao jogo, Bolsonaro ressaltou ter sido aplaudido no estádio e comparou a situação com quando o ex-presidente general Emílio Garrastazu Médici, que governou entre 1969 e 1974 durante a ditadura militar, ia ao Maracanã.

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