Santos Cruz foi demitido minutos após defender o governo no Senado
Hanrrikson de Andrade
Do UOL, em Brasília
13/06/2019 20h42
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz foi demitido da Secretaria de Governo da Presidência aproximadamente 40 minutos após defender enfaticamente o governo de Jair Bolsonaro (PSL) na Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado Federal.
Em audiência realizada hoje, o agora ex-chefe da pasta fez comentários sobre problemas de infraestrutura nos estados e municípios e o andamento de parcerias público-privadas para retomar obras paralisadas. O militar também declarou que as recentes manifestações de rua contra e a favor do governo eram um indiciativo de que o país atingiu "enorme maturidade".
"Nada do que aconteceu é absurdo, tudo em ordem. O que mostra uma maturidade enorme."
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Na versão dele, o Brasil estaria "andando", e "um pouquinho de fumaça" não seria o bastante para que a população deixasse de "enxergar as coisas boas que estão acontecendo" --em referência às ações do governo Bolsonaro.
Na parte inicial do depoimento na comissão, o general prestou esclarecimentos sobre o compartilhamento de um vídeo pró-golpe militar em canal de comunicação do Palácio do Planalto, fato que ocorreu em 31 de março. Segundo ele, a divulgação se deu por engano de um funcionário, que pensou se tratar de uma peça publicitária da reforma da previdência. "Não tem nenhum cunho ideológico nem a conotação de polemizar um assunto que já tem as suas polêmicas normais."
Reunião de última hora
A audiência foi encerrada por volta de 11h30. Ao fim dos trabalhos, o então ministro era esperado para falar com a imprensa, mas sua assessoria fez um alerta: ele só poderia responder três perguntas porque "o presidente havia chamado" para uma reunião de última hora.
A entrevista foi encerrada cerca de dez minutos depois, quando Santos Cruz deixou o Senado e se dirigiu ao Planalto.
Uma atualização feita durante o dia na agenda do ex-chefe da Secretaria de Governo mostra que o encontro com Bolsonaro teve início às 12h20 --o compromisso também foi incluído na agenda do presidente da República. O ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, também estava presente. Nesse momento Santos Cruz foi comunicado de sua saída do cargo.
A informação da demissão foi antecipada pela Folha e confirmada pelo porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros. O substituto será o também general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, que é comandante militar do Sudeste.
De acordo com a Folha, uma fonte no Palácio do Planalto usou a expressão "freio de arrumação" para explicar a demissão.
Santos Cruz é o terceiro ministro a cair no governo Bolsonaro --antes dele, saíram Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) e Ricardo Vélez (Educação).