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Em live de "muitas boas notícias", Bolsonaro não fala de Santos Cruz e Moro

13-jun.2019 - O presidente Jair Bolsonaro - Andre Coelho/Folhapress
13-jun.2019 - O presidente Jair Bolsonaro Imagem: Andre Coelho/Folhapress

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

13/06/2019 20h22

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez hoje mais uma edição de sua já tradicional live pelo Facebook. Na transmissão ao vivo desta semana, porém, ele se esquivou de comentar duas das principais notícias dos últimos dias envolvendo seu governo: a demissão do ministro Santos Cruz, da Secretaria de Governo, e a série de reportagens do The Intercept Brasil revelando conversas entre o ministro Sergio Moro (Justiça) e o procurador da República Deltan Dallagnol.

A gravação foi feita em um anexo da Assembleia de Deus, em Belém. Bolsonaro abriu a live falando que tinha "muitas boas notícias". Ele elogiou o Congresso por conta da aprovação do PLN 4, que permite um crédito suplementar de quase R$ 250 bilhões para o governo conseguir pagar as contas esse ano. "Não é que o governo ia cortar não, é que não ia ter dinheiro", disse o presidente.

Citando a derrota do governo em relação ao decreto sobre a flexibilização do acesso às armas de fogo no país, o presidente voltou a defender a medida. Ontem, a CCJ (Comissão de Constiuição e Justiça) do Senado rejeitou, por 15 votos a 9, um parecer favorável ao decreto.

"A mídia de hoje escrita disse que no dia de ontem o governo sofreu uma tripla derrota. (...) Quem tá perdendo não sou eu não, eu tenho porte porque sou capitão do Exército. Quem tá perdendo é o povo que quer arma", disse o presidente.

O deputado Marco Feliciano (PODE), que o acompanhava na transmissão, endossou Bolsonaro. Antes, contudo, em uma brincadeira do presidente, o pastor evangélico afirmou que apoiaria o projeto "por livre e espontânea pressão".

"Eu sou evangélico, sou pastor, e eu apoio o decreto das armas, já fiz essa fala para jornalistas. Até porque eu acho que o cidadão de bem tem que ter condições de defender seu patrimônio. Um pai ou uma mãe, eles são rei ou rainha do seu pequeno reino, se ele não pode guardar sua família, ele não tem dignidade", disse Feliciano.

Fazendo uma comparação com os Estados Unidos, disse que as casas daquele país não têm muro "porque sabem que todo americano tem uma arma". Bolsonaro interrompeu Feliciano e disse que será "muito difícil" aprovar um projeto nesse sentido, mas que o governo quer apoiar uma medida de excludente de ilicitude relacionado às propriedades dos brasileiros. Segundo o projeto, quem assassinar ou ferir alguém em suposta proteção à sua casa ou de terceiros não será julgado.

Bolsonaro e Feliciano afirmaram ainda que, com um maior acesso às armas, a violência diminuiria. O deputado chegou a dizer que os Estados Unidos têm "o menor índice de mortes por arma de fogo do mundo".

O país norte-americano, no entanto, figura entre os países com maior número de mortes por arma de fogo. Dados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, publicados pelo jornal New York Times, mostram que o país registrou 39,773 mortes por arma de fogo em 2017 -- maior número nos últimos 50 anos.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.