Funcionário achou que vídeo pró-golpe era da Previdência, diz ministro
O ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, reafirmou hoje, no Senado, que a divulgação de um vídeo pró-golpe de 1964 em canal de comunicação do Palácio do Planalto ocorreu por equívoco de um funcionário.
Segundo ele, o profissional recebeu o material pelo WhatsApp e achou que se tratava de material publicitário da reforma da Previdência. O fato aconteceu em 31 de março, quando militares relembram a instauração da ditadura no país (1964-1985).
De acordo com Santos Cruz, o episódio foi uma "infelicidade de um funcionário" que trabalha no governo há mais de 20 anos, tendo passado pela gestão dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
"Não tem nenhum cunho ideológico nem a conotação de polemizar um assunto que já tem as suas polêmicas normais", declarou ele aos parlamentares da Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle.
O convite foi requerido pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e aprovado em abril, mas conflitos de agenda impediram que o ministro comparecesse antes para prestar esclarecimentos ao Parlamento.
No vídeo compartilhado pelo Planalto, um ator descreve os acontecimentos do dia 31 de março de maneira semelhante à forma como Jair Bolsonaro (PSL) e alguns de seus ministros tratam do assunto. O deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foi um dos que compartilharam o vídeo.
O presidente é capitão da reserva do Exército e declaradamente entusiasta do regime militar -- ele já chamou de "herói" Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel condenado pela Justiça por crimes de tortura durante a ditadura.
"O Exército nos salvou. O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março. Não dá para mudar a história", afirma o apresentador do vídeo. O golpe completou 55 anos em 2019.
Questionado se o profissional que falhou ao compartilhar o material teria sido punido, o ministro da Secretaria de Governo afirmou que não seria justo.
"Não é por isso que a gente vai sacrificar a pessoa", comentou.
Santos Cruz disse ter conversado com o seu subordinado e o orientado a prestar mais atenção. "A gente orienta o serviço e, ao mesmo tempo, protege aqueles que trabalham com a gente na medida correta".
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