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Medida contra ministro do Turismo precisa de acusação grave, diz Bolsonaro

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

02/07/2019 12h21Atualizada em 02/07/2019 12h43

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que precisa haver uma "acusação grave" contra o ministro do Turismo para que ele tome alguma medida. O titular da pasta, Marcelo Álvaro Antonio, está envolvido em um esquema de candidaturas laranjas durante a eleição do ano passado.

A Polícia Federal investiga o caso, sob sigilo, e indiciou três assessores do ministro e quatro candidatas suspeitas de desviarem verbas públicas. Na semana passada, o assessor especial do ministro, Marcelo Von Rondon, e os ex-assessores Roberto Soares e Haissander de Paula foram presos, mas foram liberados pela Polícia Federal após o término do prazo da prisão temporária.

"Tem que ter acusação grave, com substância. Por enquanto não tem nada contra ele, ainda se o assessor falar e for confirmado que ele tem participação, aí a gente toma providência", disse Bolsonaro.

O presidente disse que tem os 22 ministros "sem problemas". "Se o assessor falar e for confirmado que ele [Marcelo Álvaro] tem participação, aí a gente toma providência", explicou.

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse ontem que o governo aguarda as investigações para tomar uma medida e elogiou o trabalho desenvolvido pelo ministro do Turismo.

A investigação sobre as candidaturas de laranjas começou após denúncias feitas pelo jornal Folha de S.Paulo que indicaram a existência de quatro candidatas em Minas Gerais que receberam R$ 279 mil em verbas públicas do PSL. Somadas, as envolvidas no suposto esquema receberam 2.000 votos nas eleições de 2018.

O repasse de verbas era comandado pelo escritório do PSL em Minas, então presidido pelo atual ministro do Turismo. Parte do dinheiro foi parar em empresas ligadas ao gabinete de Álvaro Antônio. A Polícia Federal suspeita que as candidaturas para usadas com o intuito de desviar o dinheiro público.

Carlos Bolsonaro ataca GSI

O presidente evitou entrar em polêmicas sobre uma postagem do seu filho Carlos Bolsonaro, em que ele criticou a atuação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

Em um tuíte, o vereador carioca disse que não confia no trabalho desenvolvido na pasta, que é chefiada por Augusto Heleno. Ele é uma das principais vozes da ala militar do governo.

"Não, não, não. Pergunta para ele", disse Bolsonaro ao ser questionado sobre a postagem do filho.

Ontem, o filho de Bolsonaro também foi irônico ao comentar a promoção do filho do vice-presidente, Hamilton Mourão, ao cargo de gerente executivo do Banco do Brasil. "Esse é bom bagarai", disse Carlos Bolsonaro, ao ser lembrado por um seguidor do acontecimento.

Trabalho forçado

Bolsonaro se manifestou favorável a um projeto de lei que quer obrigar presos a trabalharem forçadamente. O texto foi aprovado pela comissão de Direitos Humanos do Senado e pode entrar na pauta da Casa.

"O problema na nossa Constituição, no artigo quinta ou sétimo, se não me engano, tem um dispositivo que diz 'no Brasil não haverá penas de' e uma delas é trabalho forçado. Eu acho que preso tinha que ser obrigado a trabalhar", explicou.

Ele considerou que muitos trabalham por livre e espontânea vontade e têm dias de pena reduzidos, mas que o trabalho obrigatório deveria existir.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.