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Ciro diz que Tabata deveria deixar PDT: "erro que não pode passar impune"

Tabata Amaral e Ciro Gomes juntos durante evento de campanha em agosto de 2018 - Reprodução/Facebook Tabata Amaral
Tabata Amaral e Ciro Gomes juntos durante evento de campanha em agosto de 2018 Imagem: Reprodução/Facebook Tabata Amaral

Luciano Nagel

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

11/07/2019 16h47Atualizada em 11/07/2019 20h52

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (CE) afirmou na tarde de hoje em um evento realizado na Câmara de Vereadores de Porto Alegre que a deputada federal Tabata Amaral (SP) deveria deixar o PDT.

Candidato à Presidência da República no ano passado, ele se mostrou decepcionado com a correligionária, que ontem votou favoravelmente à aprovação do texto base da reforma da Previdência na Câmara.

"Para mim, neste momento, ainda estou com aquele sofrimento que no verso de Djavan fala em 'desgosto de filha' e esse sentimento não é bom conselheiro para providências que devemos tomar", disse Ciro, que participou de diversos atos de campanha ao lado de Tabata durante a eleição do ano passado.

"É certo que, em minha opinião, ela cometeu um erro indesculpável, mas vale lembrar que a deputada tem 25 anos e ainda é uma idade em que as pessoas podem errar, embora no caso, um erro desse contra a melhor tradição do trabalhismo brasileiro e contra o povo mais pobre, é um erro que não pode passar impune", afirmou o ex-governador.

Não acho, francamente, que ela tenha mais lugar para ficar no PDT. Acho que ela deveria sair, assim como os outros deputados do partido que votaram a favor da reforma também
Ciro Gomes (PDT-CE)

11.jul.2019 - Ciro Gomes (PDT-CE) toma chimarrão e tira selfie antes de evento em Porto Alegre - Luciano Nagel/UOL - Luciano Nagel/UOL
Ciro Gomes toma chimarrão e tira selfie antes de evento em Porto Alegre
Imagem: Luciano Nagel/UOL
De acordo com Ciro Gomes, "isso tudo será examinado nos devidos procedimentos que o PDT abrirá a partir da quarta-feira que vem", referindo-se a um procedimento da comissão de ética do partido que será instaurado. Mas para ele, Tabata e os outros pedetistas que contrariaram a orientação do partido deveriam deixar a sigla.

Ciro explicou quea executiva do PDT Nacional se reunirá na quarta para examinar as representações já apresentadas contra os oito dissidentes. A partir daí, os deputados serão notificados para que eles tenham um prazo de defesa e será a Comissão de Ética que votará um parecer final. Esse parecer pode indicar a suspensão do parlamentar, advertência oral, escrita e até mesmo a expulsão do partido.

Ontem, após a votação, Tabata Amaral disse que não vendeu seu voto e que o "sim" às mudanças nas regras de aposentadoria não significam um "sim" ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), tampouco um "não" à orientação do partido.

Durante o evento em Porto Alegre, Ciro Gomes ressaltou o fato de o PDT ser um partido focado nas questões do trabalho, o que agravaria o caso dos deputados dissidentes.

"Nós somos do partido de Getúlio Vargas que criou o sistema de previdência no Brasil", disse ele, citando ainda o ex-presidente João Goulart e o ex-governador do Rio Leonel Brizola. "Agora estão chovendo representações de diversas hierarquias do PDT pedindo providencias contra esses oito deputados que votaram a favor da reforma."

Moro é "politiqueiro com comportamento acanalhado", diz Ciro

Questionado sobre os vazamentos de áudios entre o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e procuradores que integram a Lava Jato divulgados pelo site The Intercept, Ciro Gomes fez diversas críticas ao ex-juiz federal.

"O Sergio Moro nunca foi um magistrado, ele é um politiqueiro com um comportamento acanalhado e que fez a sua ambição pessoal de poder acima de qualquer juramento da Lei Processual do Código de Ética da magistratura. O ex-presidente Lula realmente chafurdou na corrupção com seus colegas, isso eu não tenho a menor dúvida, porém até o pior bandido tem direito a um julgamento severo, dentro da leis, e o que o juiz Sérgio Moro fez? Plantou nulidades", declarou Ciro.

"Diz a lei claramente que é suspeito o juiz que aconselhar uma parte. É evidente que Sergio Moro não estava aconselhando, e sim liderando o Ministério Público para perseguir aquilo que ele imaginava ser o justo, mas fiquem sabendo que Moro foi quem implantou a nulidade a ele", afirmou.

No sistema democrático, disse o ex-governador, "supõe-se que o juiz vai atuar imparcialmente de forma equilibrada, isenta das paixões e antagonismos, e Sergio Moro fez o oposto".