Topo

Ciro chama Bolsonaro de "idiota" e diz que educação está sendo "espancada"

4.out.2018 - Ciro Gomes, antes do debate dos candidatos a presidência no estúdio da TV Globo, no Rio - Eduardo Anizelli/ Folhapress
4.out.2018 - Ciro Gomes, antes do debate dos candidatos a presidência no estúdio da TV Globo, no Rio Imagem: Eduardo Anizelli/ Folhapress

Rafael Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Campo Grande

16/08/2019 21h33

Ex-presidenciável do PDT nas eleições de 2018, Ciro Gomes, visitou hoje a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, para a Semana Acadêmica de Economia. Durante o evento, ele criticou o corte de verbas da educação provocado pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) e voltou a fazer duras críticas ao presidente, a quem chamou de "idiota".

Os temas da palestra na UFMS eram as reformas econômicas e sociais e a retomada do crescimento.

Ciro destacou a necessidade de três propostas: ideia, exemplo e militância. "A ideia é aperfeiçoada pelo pensamento acadêmico e nós, no Brasil, estamos espancando a academia, a inteligência brasileira está expulsa do debate nacional e temos inteligência qualificada para qualquer desafio", afirmou.

O ex-presidenciável adiantou que a próxima agenda dele será no Rio Grande do Sul e depois em Minas Gerais. "Lá eu quero chamar atenção da imprensa brasileira para o centro de nano tecnologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)", declarou Ciro ao reforçar que a economia seria alavancada em cinco anos com investimentos nessa área.

Outra preocupação de Ciro é, segundo ele, o resgate da cultura. "Ambiente da cultura e da arte é o ambiente da sofisticação crítica", afirmou ele.

16.ago.2019 - Ciro Gomes discursa na Semana Acadêmica de Economia, em Campo Grande (MS) - Divulgação/UFMS - Divulgação/UFMS
Imagem: Divulgação/UFMS

Ainda durante sua fala, Ciro não descartou participar das eleições de 2022 e tentar unir forças para propor uma chapa que faça frente à reeleição de Bolsonaro.

"Só que eu acho que o Brasil não precisa de proposta estreita de esquerda. O Brasil não cabe na esquerda. Temos que ter humildade para entender. O Brasil não é de elite. É popular, rural, dos movimentos católicos, do trabalhador que enriqueceu no agronegócio e que vê comunismo em todo o canto", pontuou.

Para Ciro, é preciso fazer um projeto nacional que una os interesses da produção aos interesses do mundo do trabalhador.

"Não participei de nenhum gueto de esquerda. Vou propor um projeto e isso me faz andar pelo país para explicar direitinho e não é porque eu sou um gênio não. É porque a realidade está no nosso nariz e eles não deixam a gente entender com essa massa de propaganda de desorientação".

Sobre as ações do governo Bolsonaro, Ciro elogiou apenas uma: o uso de vagas ociosas dos presídios federais para abrigar chefes de facções criminosas. "Já o resto é um desastre que estamos presenciando, que se chama observatório trabalhista", disse.

"Como fui candidato, é justo que as pessoas olhem minhas palavras com cautela para que não achem que eu esteja falando do meu adversário. Faço isso mostrando números. A saúde é a pior execução orçamentária do Brasil. Na segurança pública, o governo aplicou 6,5% do orçamento e já estamos terminando o 7º mês de mandato".

Ciro criticou também o que chamou de crise que o próprio presidente criaria com palavras 'vulgares e chulas'. "Bolsonaro agride os chineses e se alinha aos americanos. Ele trabalha contra o país, não sei se lucidamente. Assinou às pressas sem ler e ele não entende patavina de nada, porque ele é um idiota. Desculpa falar isso de um presidente da República, mas precisamos tirar as máscaras. O Centro Oeste carrega o país nas costas há décadas".

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), participa da cerimônia de troca da Guarda Presidencial, em frente ao Palácio do Planalto - Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo - Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL)
Imagem: Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo

Economia

Ainda durante sua visita à capital sul-mato-grossense, o ex-presidenciável e vice-presidente do PDT destacou que sua campanha em 2018 já alertava para o risco do colapso econômico do País e reiterou suas três propostas de investimentos para que o Brasil volte a crescer.

A primeira delas é a restauração da capacidade de consumo do brasileiro e a aplicação do orçamento público nas pastas. "Cidadão desesperado com motocicleta e mochila nas costas para ganhar R$ 5? Por essa tragédia que é a desregulamentação do mercado de trabalho no Brasil. Essa desopressão está produzindo tipo de emprego que não vai restaurar capacidade de consumo das famílias", destacou.

Outra proposta para tirar o Brasil da crise, de acordo com Ciro, é o investimento nas áreas de saúde, educação e segurança. "Se o governo não executa o orçamento, temos desastre. Apenas 6% foi aplicado na segurança, até agora", afirmou.