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Novo pedido de liberdade de Lula no STF será relatado por Edson Fachin

01.mar.2018 - O ex-presidente Lula durante entrevista à AFP em São Paulo  - Nelson Almeida/AFP
01.mar.2018 - O ex-presidente Lula durante entrevista à AFP em São Paulo Imagem: Nelson Almeida/AFP

Alex Tajra, Felipe Amorim e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo e Brasília

28/08/2019 18h42

O novo pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentado hoje ao Supremo Tribunal Federal será relatado pelo ministro Edson Fachin, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na corte. A distribuição do Habeas Corpus foi registrada no sistema pouco depois das 18 horas de hoje.

A defesa do ex-presidente pede a anulação dos três processos contra o petista que passaram pela Justiça Federal no Paraná. O pedido vem na esteira da decisão da Segunda Turma do Supremo que, ontem, anulou uma condenação de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, investigado pelo Ministério Público Federal (MPF).

No recurso, os advogados de Lula ainda pediram que ele seja libertado. O ex-presidente está preso desde abril de 2018 na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba.

Caso os processos sejam anulados, eles tramitariam de novo. O objetivo é que, nesse caso, Lula possa apresentar suas argumentações após os delatores. Na prática, a defesa pede um novo julgamento dos processos na primeira instância.

Sobre a decisão de ontem da Segunda Turma, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse que "o que é relevante é dar-se à defesa a última palavra para que ela possa se pronunciar sobre eventuais acusações".

"Inclusive aquelas feitas por corréus delatores, com acordo formalizado ou não", disse o defensor, hoje, ao UOL, em Brasília. Zanin esteve no STF para se encontrar com o ministro Edson Fachin, relator das ações da Lava Jato na Corte.

No caso do tríplex do Guarujá, que levou Lula à prisão, Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, estava negociando um acordo de colaboração com o MPF (Ministério Público Federal) durante a tramitação do processo.

Já no processo do sítio de Atibaia, mais recente condenação de Lula, entre os réus estavam delatores, como executivos da Odebrecht. Neste caso, tanto o petista como os delatores tiveram os mesmos prazos para apresentarem suas defesas antes do final da ação penal.

Lula ainda tem pendente um processo na Justiça Federal no Paraná a respeito de um esquema de corrupção envolvendo contratos da Petrobras com a Odebrecht. O ex-presidente teria sido beneficiado com o apartamento vizinho ao em que ele vivia em São Bernardo do Campo e a um terreno para o Instituto Lula. O juiz Luiz Antônio Bonat ainda não apresentou sua sentença no caso.

Neste processo, a defesa do ex-presidente vem requerendo há meses o acesso à íntegra do acordo de leniência firmado pela Odebrecht. Os advogados de Lula recorreram ao Supremo para saber o conteúdo dos autos e, mesmo com Fachin acordando com um "acesso restrito" ao acordo, a 13ª Vara Federal de Curitiba não cadastrou a defesa do ex-presidente no referido processo.

Inicialmente, a corte julgaria esse pedido nesta semana. Hoje, todavia, Fachin alegou que o pedido de liberdade interposto pela defesa de Lula prejudica as alegações sobre a suspensão do processo que envolve os terrenos em São Bernardo do Campo, posto que ambos têm objetivos convergentes.

A decisão que motivou Lula

Ontem, a 2ª Turma do STF derrubou uma decisão do ex-juiz federal Sergio Moro que, em março de 2018, condenou o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, a 11 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É a primeira vez que o Supremo anula uma condenação de Moro.

A maioria dos ministros acolheu a argumentação da defesa, que criticou o fato de Bendine ter sido obrigado por Moro a entregar suas defesas ao mesmo tempo que delatores da Odebrecht apresentaram acusações contra ele.

Para a defesa de Bendine, isso representava um cerceamento de defesa por impedir que o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil rebatesse na etapa final do processo as acusações feitas por delatores na entrega do seu memorial.

O julgamento abriu uma brecha para que outros condenados no âmbito da Lava Jato acionem o STF para rever suas condenações com base no mesmo argumento.

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