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Witzel vai exonerar subsecretário preso em ação contra casal Garotinho

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) - André Melo Andrade/Am Press & Images/Estadão Conteúdo
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) Imagem: André Melo Andrade/Am Press & Images/Estadão Conteúdo

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

03/09/2019 12h57Atualizada em 03/09/2019 14h12

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que determinou a exoneração do subsecretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Sérgio dos Santos Barcelos, preso na manhã de hoje durante operação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). Os ex-governadores Anthony Garotinho (sem partido) e Rosinha Matheus (Patriota) foram detidos na mesma ação.

Barcelos foi nomeado para o cargo no mês passado. Em nota, Witzel informou que a exoneração será publicada no Diário Oficial de amanhã. Além dele e dos ex-governadores, a ação prendeu outras duas pessoas: Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha.

O grupo é suspeito de participar de um esquema de superfaturamento em contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos dos Goytacazes e a construtora Odebrecht para a construção de casas populares dos programas "Morar Feliz I" e "Morar Feliz II" durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita entre os anos de 2009 e 2016.

De acordo com o MP-RJ, Barcelos e os outros dois suspeitos "exerciam funções de apoio à organização criminosa, notadamente quanto ao efetivo recebimento das quantias indevidas". A promotoria disse que Barcelos teria sido intermediário das negociatas; Ângelo Gomes teria trabalhado para o casal em 2012, e Gabriela Quintanilha teria exercido essa função em 2014.

Suspeitos presos são assessores na Alerj

Até junho passado, Barcelos foi funcionário do líder do PSL na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio), Gil Vianna, com remuneração bruta de R$ 6.856,30. Segundo informações do Diário Oficial, ele exercia cargo em comissão de chefe de gabinete de liderança. Procurado pela reportagem, o gabinete do deputado disse que ele iria se pronunciar por meio de nota na tarde de hoje.

Ângelo Gomes exerce a função de assessor parlamentar do vice-presidente da Alerj, o deputado Jair Bittencourt (PP), com remuneração de R$ 5.109,18 líquidos. A assessoria de Bittencourt confirmou o vínculo e disse à reportagem que irá se pronunciar em breve.

Já Gabriela Quintanilha é assessora parlamentar da deputada Lucinha (PSDB) na Alerj, com remuneração líquida de R$ 5.109,18.

"Gabriela Quintanilha exerce a função de assessora parlamentar em meu gabinete desde 2015. Durante este período não ocorreu nada que desabonasse a conduta dela. Vou esperar o curso das investigações, para tomar as medidas cabíveis", diz a deputada estadual por meio de comunicado.

O UOL tenta contato com as defesas de Barcelos, Ângelo Gomes e Gabriela Quintanilha.

Para o advogado de Garotinho e Rosinha, Vanildo José da Costa Júnior, a prisão "é absolutamente ilegal, infundada e se refere a supostos fatos pretéritos". Além disso, argumenta estranhar que o MP aponte superfaturamento nas obras se a Odebrecht move ação em que diz ter sofrido prejuízo. A defesa, que promete recorrer da decisão, disse lamentar o que chama de "politização do judiciário".

Em nota, a Odebrecht informou que tem colaborado de forma permanente e eficaz com as autoridades para esclarecer fatos do passado.

Garotinho e Rosinha foram levados para a Cidade da Polícia, na zona norte da capital, e devem ser transferidos ainda hoje para o presídio de Benfica, também na zona norte.

É a quarta vez que Garotinho é preso e a segunda de Rosinha —o ex-governador foi detido pela primeira vez em 2016 por suspeita de compra de votos e, em 2017, por suspeita de fraude eleitoral (setembro) e novamente por suspeita de repasses irregulares para campanha eleitoral (novembro). O casal nega todas as acusações e tem afirmado que é alvo de perseguição política.