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FHC diz que ida de Frota para o PSDB é um "retrocesso"

17.out.2018 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) - Felipe Rau/Estadão Conteúdo
17.out.2018 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

Jonathan Pereira

Colaboração para o UOL

05/09/2019 06h41

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse que se demitiria se estivesse no lugar do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e considerou a entrada de Alexandre Frota no partido como um "retrocesso". As declarações foram dadas durante entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo.

FHC considerou um erro do ex-juiz ter aceitado o cargo. Para ele, Moro não tem características de um político e deveria aspirar a uma vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Não sei, isso é problema dele. Se eu estivesse lá, me demitiria. Foi um erro dele aceitar, qualquer ministério seria erro também. Um juiz não necessariamente está qualificado para a função política, ele não tem as características de um líder político. Ele podia aspirar a ser ministro do Supremo Tribunal Federal, o que está mais difícil agora", avalia.

Sobre a ida de Frota para o ninho tucano, após ter sido expulso do PSL, FHC revelou não ter sido consultado da decisão, apesar de ser presidente de honra do partido.

"Imagine, nunca [consultaram]! É um retrocesso no meu modo de ver. Eu não conheço o Alexandre Frota. Não sou um homem de preconceitos, mas acho um passo atrás, ele falou mal do partido".

As queimadas na Amazônia, que chamaram a atenção internacional, também foram comentadas pelo ex-presidente. "Não há exagero, há preocupação. Nem sempre [os outros países] estão bem informados de detalhes, mas a retórica do governo atual é de que não existe aquecimento global, tem a questão indígena... Escrevi um livro sobre a Amazônia, me choquei bastante com o que vi. Não é o governo atual que é o responsável, vem de longe, mas o atual é culpado pela retórica, por não ver o que é verdadeiro".

Os veículos de comunicação têm papel importante nesse momento, afirma FHC. "A mídia em geral é muito contrária ao que está acontecendo, tem mostrado muitos equívocos. O principal é não entender que o mundo mudou, não estamos na Guerra Fria. O mundo está mudando muito rapidamente", disse.

Ele apontou um dos erros do presidente Jair Bolsonaro que, em sua avaliação, impedem o país de avançar: "O governo atual vê inimigos por toda parte, o adversário vira inimigo".

Durante a entrevista, FHC também comentou sobre uma possível privatização da Petrobras. "Acho que o que foi feito foi o suficiente para a Petrobras competir com as outras. O importante é que o resultado seja competitivo, o povo se beneficiar".