Dino: Temos que retomar bandeiras que nos pertencem, como o verde e amarelo
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou na noite de hoje que a esquerda precisa retomar pautas que orbitavam tradicionalmente este campo político, como por exemplo o uso das cores verde e amarelo. "[O verde e o amarelo] foram monopolizados pela direita, quando os patriotas somos nós. Quem defende o entreguismo são outras correntes políticas", disse Dino durante entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura.
No início da conversa, Dino defendeu a unidade entre os partidos de esquerda tomando como base "duas grandes tradições": o trabalhismo e o lulismo. "Uma era em que, pela primeira vez na história, conjugamos três características fundamentais, crescimento econômico, distribuição de renda e plena democracia política. (...) Então é dever de todo patriota tentar unir essas correntes.
A despeito da íntima relação que o PCdoB mantém com o PT, Dino foi lembrado pelos entrevistadores que não recebeu apoio do partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, quando o diretório nacional da sigla aprovou uma decisão para sustentar a candidatura de Roseana Sarney (MDB). Filha do ex-presidente José Sarney (MDB), ela representava o clã familiar que domina a política maranhense há décadas.
Em 2018, quando Dino foi reeleito, o PT mudou seu direcionamento e apoiou o ex-juiz para o cargo. A derrota de Roseana Sarney no ano passado, ainda no primeiro turno, sacramentou a aparente derrocada da família, posto que o outro filho de José Sarney, Sarney Filho (PV), não conseguiu se eleger. Ele ocupou o cargo de ministro do Meio Ambiente do governo Michel Temer (MDB), mas não conseguiu votos suficientes para se tornar senador em 2018.
"A gente tem que tentar colocar unidade, diálogo, união, não por conta do partidismo. Nós não temos direito de colocar nesse momento interesses pessoais, interesses partidários na frente da perspectiva de retomada do Brasil para o comando de uma política que seja consequente com as gravíssimas necessidades sociais do povo brasileiro", disse Dino após lebrar fotografia de 1989 onde apareciam, juntos, Lula, Leonel Brizola (PDT) e Mário Covas (PSDB).
"O trunfo da história serve para iluminar, inclusive, o futuro. Quem imaginaria que no segundo turno de 89 teríamos aquela foto icônica", argumentou Dino.
Diálogo com o centro e "Lula livre"
Defendendo que o ex-presidente Lula tenha um "julgamento justo", citando que o atual trâmite jurídico que envolve o petista não obedeceu a legalidade, Dino afirma, todavia, que a bandeira "Lula Livre" deve ser facultativa. Na sua perspectiva, a libertação não deve estar, obrigatoriamente, nem dentro e nem fora do debate político-partidário. A posição, argumenta Dino, deve-se à necessidade de se construir uma aliança que possa travar um embate eleitoral com a direita.
"O que nós precisamos fazer, ao construirmos uma aliança, é colocar o consenso sobre os dissensos, convergência sobre divergências. Eu não imagino que qualquer segmento partidário da esquerda imagine que você possa impor o seu ideário de modo unilateral como parâmetro de aliança", disse o governador do Maranhão.
Dino afirmou ainda que pode se aliar a quem não defende, necessariamente, a pauta que envolve o ex-presidente Lula. Neste sentido, ele afirma que a esquerda tem de dialogar com os segmentos, não só políticos, ao centro. "Como fizemos com o [Fernando, ex-prefeito de São Paulo e candidato à Presidência em 2018] Haddad no final do segundo turno e quase ganhamos a eleição", disse.
Ciro nas eleições
Para o governador, o ex-candidato do PDT à Presidência no ano passado, Ciro Gomes, deveria ter sido mais combativo durante o segundo turno do pleito. À época, o ex-prefeito de Fortaleza viajou para a Europa alguns dias depois do primeiro turno, quando ficou em terceiro lugar. A movimentação de Ciro foi interpretada como rejeição a uma frente ampla contra Jair Bolsonaro (PSL).
Dino citou o também pedetista Leonel Brizola, que, em 1989 e 1998, apoiou Lula — no segundo, acabou formando chapa com o PT, sendo candidato à vice-presidente.
"Eu esperava que o meu amigo, por quem tenho imensurável respeito, Ciro Gomes, tivesse feito o que Brizola fez em 89 e 98, ou seja, eu achava que, com todos os poréns que ele tivesse em relação à candidatura do Haddad, em nome da disputa que se colocava ali, da centralidade, da relevância, e em respeito à liderança gigantesca que o Ciro possui", pontuou o governador.
O ex-juiz, entretanto, afirma que a atitude de Ciro não deve ser levada como gatilho para excluí-lo "do debate para 2022". "Assim como eu achava em 2018 ele um excelente candidato, continuo achando ele um nome que contribui para o nosso campo político. Acho que o Ciro deve continuar a ser ouvido, mesmo discordando de declarações que ele faz e atitudes que ele toma", completou.
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