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Bebianno ataca filhos de Bolsonaro: Mimados que mamaram nas tetas do Estado

Gustavo Bebianno participa de entrevista no programa Pânico - Reprodução JP
Gustavo Bebianno participa de entrevista no programa Pânico Imagem: Reprodução JP

Colaboração para o UOL

18/10/2019 15h51Atualizada em 18/10/2019 22h07

O ex-ministro Gustavo Bebianno atacou os integrantes mais jovens do clã Bolsonaro, nesta sexta-feira, afirmando que são eles (Flávio, Eduardo e Carlos) os responsáveis pela situação em que se encontra hoje o PSL e o governo. "Mimados e soberbos que mamaram nas tetas do Estado", afirmou Bebianno, que foi chefe da Secretaria-Geral da Presidência até fevereiro.

Convidado do programa Pânico, da rádio Jovem Pan, ele falou sobre a crise com a família Bolsonaro e os motivos de sua saída do partido.

"O único [filho] que era presente, que participou de parte de tudo isso [campanha política e viagens de Jair Bolsonaro] foi o Eduardo Bolsonaro. Participou de parte disso aí, talvez 30%. O Carlos nunca se prontificou a fazer nada, colocar a mão na massa. Nunca fez nada pelo pai. As pessoas que faziam e naturalmente angariavam o carinho do Jair, que é uma pessoa afetuosa, despertavam um ciúmes louco, enlouquecido no Carlos. Uma coisa patológica que ele precisa se cuidar porque eu tenho certeza que a pessoa que mais sofre é o próprio rapaz [Carlos]. E ele impõe um sofrimento terrível ao pai... Quando o Jair está sozinho ele é uma pessoa, quando o Carlos está presente ele é outra", disse Bebianno, que afirmou ter sido prejudicado por essa situação.

"O Carlos é covarde. Faz tudo pelas costas. Esse bombardeio, ele fazia de forma camuflada, usando outras pessoas. Ele não aguenta apanhar. Bate como um leão e apanha como um gatinho. Esse é um problema que me atingiu de maneira muito covarde e está atingindo o Brasil, os rumos do Brasil... Fui leal ao Jair e fiz tudo por amor", disse o ex-ministro.

"Foi uma traição covarde e pelas costas. O Carlos era considerado o puxador de votos para deputado federal no Rio de Janeiro. Mas ele amarelou e decidiu que não ia disputar. Sempre em cima do muro. Ficou com medo de ir para Brasília... Deveria estar lá no plenário defendendo o pai. Mas desistiu. Quando ele desistiu, o Flávio cometeu o erro de dar uma entrevista ao Jornal Extra e botou lá: 'Bebianno será o novo puxador de votos no Rio de Janeiro'. Ele [Carlos] ficou enlouquecido. O Carlos não tem uma gota de valentia. O Eduardo também, viu... O Eduardo é soberbo. O sonho dourado do Eduardo é ser um grande líder mundial de direita. Coitado... Tem que comer muito feijão ainda", ironizou.

Antes da demissão de Bebianno, Carlos chegou a divulgar nas redes sociais áudios de uma conversa telefônica entre ele e seu pai para indicar que o ex-ministro tinha mentido sobre não ter falado com Bolsonaro na ocasião. Outros áudios vazados, porém, comprovaram que Bebianno efetivamente conversou com o presidente.

"Quem carrega todos os méritos ali é o presidente. Jair Bolsonaro sempre teve uma postura muito valente. Defendia as opiniões dele sem se preocupar com as piadas e opiniões alheias", afirmou.

Na opinião do ex-ministro, o presidente "se implodiu sozinho"por conta das relações com o Congresso, militares, dirigentes estrangeiros e imprensa: "O PT está morrendo de monotonia. O próprio presidente implodiu sozinho todas essas relações".

Sobre uma possível volta ao PSL, Bebianno respondeu que, "no mundo, tudo é possível", mas que não tem projeto algum de voltar ao partido. E apontou os filhos de Bolsonaro como fator determinante para o cenário conturbado que o PSL vive neste momento.

Itaipu como "cala boca"

Bebianno afirmou não ter mais nenhuma ligação com Bolsonaro e contou que, no final da relação com a cúpula do presidente, recebeu o que chamou de proposta "cala boca".

"Eles me ofereceram um negócio que qualquer um teria aceitado. Eles me ofereceram Itaipu para dar um 'cala boca'. Isso foi em uma reunião na sala do presidente, a reunião derradeira, e nessa reunião estavam presentes o general Heleno, o Onyx [Lorenzoni], o general Mourão, o Jorge Oliveira, que hoje é ministro da Secretaria-Geral, e mais umas quatro, cinco pessoas", disse.

"Eu falei assim: 'Presidente, o senhor acha que eu me meti nisso para ganhar dinheiro? Eu não preciso de Estado para ganhar dinheiro'. Eu nunca precisei." De acordo com Bebianno, o salário seria de cerca de R$ 1,5 milhão por ano.

"Tomei aquilo como ofensa, agradeci e fui embora. Essa mudança de postura que causa tristeza. Para a família Bolsonaro, ninguém presta. E se você contesta alguma coisa, você é traidor..."

"Joice tem luz própria"

A crise entre a deputada federal Joice Hasselmann, ex-líder do governo no Congresso, e Eduardo Bolsonaro também foi abordada por Bebianno.

"Joice migrou para o PSL. Foi a deputada mulher mais bem votada da história. Teria sido eleita mesmo se não tivesse vinculado a imagem dela a do presidente", defendeu.

"Ela tem luz própria, ela é muito mais homem do que os três filhos juntos. Isso é inegável... Ela foi agredida demais!"

Bebianno foi demitido da Presidência em fevereiro, após uma crise desencadeada por uma postagem de Carlos Bolsonaro no Twitter. O vereador escreveu que o então ministro havia mentido ao dizer que não tinha conversado com Bolsonaro durante os dias em que surgiram denúncias sobre candidaturas laranjas no PSL. O perfil oficial do presidente reproduziu o post.