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Justiça suspende interrogatório de Lula em processo sobre caças suecos

16.out.2019 - Ex-presidente Lula concede entrevista ao UOL em Curitiba - Ricardo Stuckert/Instituto Lula
16.out.2019 - Ex-presidente Lula concede entrevista ao UOL em Curitiba Imagem: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

21/10/2019 16h21

Decisão do desembargador do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) Néviton Guedes suspendeu a realização do interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que estava marcado para amanhã pela Justiça Federal de Brasília, no processo em que o petista foi acusado de ter recebido propina para influenciar na compra de caças suecos pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Nesse processo Lula também é acusado de ter pressionado o governo de sua sucessora pela renovação de benefícios fiscais a montadoras de veículos por meio de uma Medida Provisória. Os crimes que foram imputados a Lula são os de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A defesa do ex-presidente nega as acusações e diz que a ação não conseguiu reunir provas contra o líder petista.

Nesse processo, também foram denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal) Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, e o casal de lobistas Mauro Marcondes Machado e Cristina Mautoni.

O juiz Vallisney de Oliveira, responsável pela condução do processo na 10ª Vara Federal do Distrito Federal, havia marcado os interrogatórios para as 9h30 de amanhã. Além de Lula, também seriam ouvidos os outros três acusados.

A decisão do desembargador Néviton Guedes respondeu a pedido da defesa de Lula, que pediu o adiamento com o argumento de que a Justiça ainda não recebeu as respostas de outros países sobre testemunhas que seriam ouvidas no exterior.

Entre setembro e novembro de 2017 foram expedidas pela Justiça cartas a outros países para que fossem ouvidas 17 testemunhas: 4 na França, 1 no Reino Unido e 12 na Suécia. Mas até o momento não houve resposta desses países.

O juiz Vallisney decidiu então seguir com o processo, com o argumento de que o longo tempo transcorrido sem resposta poderia prejudicar o desfecho do caso.

Na decisão que suspendeu os interrogatórios de amanhã, o desembargador Néviton Guedes deu prazo de 30 dias para que a defesa de Lula informe como está o trâmite dos depoimentos nos outros países. Depois disso, o juiz do DF deverá avaliar se aguarda uma resposta ou segue com o curso do processo.

Em depoimento à Justiça Federal, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou que o ex-presidente Lula acertou o pagamento de propina para seu filho nas negociações envolvendo a Medida Provisória que beneficiou as montadoras.

Palocci, que fechou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, disse que apenas ele e Lula participaram do encontro e não houve testemunhas da conversa. O depoimento do ex-ministro delator foi prestado em outra ação que também investiga a influência de Lula na tramitação de medidas provisórias.

A denúncia do MPF sobre o caso dos caças afirma que Lula "vendeu a promessa" aos lobistas de que teria o poder de influenciar decisões do governo Dilma. Em troca, segundo o Ministério Público, uma empresa esportiva de seu filho recebeu R$ 2,5 milhões.