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Bivar afasta bolsonaristas e nomeia aliados de Witzel em direção do PSL-RJ

Jair Bolsonaro, então deputado federal, e Luciano Bivar posam para foto em janeiro de 2018 - Divulgação/PSL
Jair Bolsonaro, então deputado federal, e Luciano Bivar posam para foto em janeiro de 2018 Imagem: Divulgação/PSL

Igor Mello

Do UOL, no Rio

29/11/2019 15h52

Resumo da notícia

  • Nova composição de diretório do PSL no Rio afasta aliados de Bolsonaro e premia deputados que apoiaram Delegado Waldir em guerra de listas
  • Aliados do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), também foram lembrados na nova direção do partido
  • Ao assumir o comando do partido, Flávio Bolsonaro colocou assessores sem expressão eleitoral em cargos de comando

Após idas e vindas em sua relação com o clã Bolsonaro, o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), presidente nacional do PSL, decidiu afastar do comando da legenda no Rio aliados do senador Flávio Bolsonaro (Sem partido), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido). A nova composição da direção estadual premia parlamentares que apoiaram Bivar e seus aliados na guerra interna pelo controle da legenda. Os nomes foram divulgados hoje no sistema de consulta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Escolhido para substituir Flávio no comando do PSL fluminense, Sargento Gurgel (PSL-RJ) declarou ao UOL que o partido "segue sendo Bolsonaro". Além dele, ocupam cargos na estrutura partidária outros três deputados federais: Felício Laterça (vice-presidente), Delegado Antonio Furtado (primeiro-secretário) e Lourival Gomes (vogal). Durante a guerra de listas em torno da liderança do PSL na Câmara, os quatro apoiaram a manutenção de Delegado Waldir (PSL-GO) no cargo. O restante da bancada do Rio foi favorável à indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acabou assumindo o posto de líder.

Além dos quatro parlamentares federais, fazem parte da nova composição do diretório figuras alinhadas ao governador Wilson Witzel (PSC), desafeto de Bolsonaro: o deputado estadual Alexandre Knoploch (secretário-geral) e Leonardo Rodrigues (tesoureiro-geral), segundo suplente de Flávio Bolsonaro no Senado e secretário estadual de Ciência e Tecnologia. Knoploch ainda emplacou seu chefe de gabinete, Alberto Jacob Szafran, como vogal na direção partidária.

Eleito com o apoio decisivo de Flávio Bolsonaro, Witzel viu sua relação com o clã ficar estremecida após revelar a intenção de disputar a Presidência da República em 2022. O rompimento definitivo ocorreu no fim de outubro, quando se tornou pública a menção à casa de Jair Bolsonaro em investigações da morte da vereadora Marielle Franco. O presidente atribuiu o vazamento da informação à Witzel, que rebateu ameaçando processá-lo. Nos bastidores, o governador do Rio tenta o apoio do PSL às suas pretensões presidenciais.

Flávio empregava assessores em postos-chave

Além de privilegiar a ala bivarista do PSL, a nova composição do diretório estadual do Rio dá protagonismo a políticos. Antes, o comando do partido no Rio ficava a cargo de antigos assessores da família Bolsonaro sem expressão eleitoral.

Após assumir o comando do PSL do Rio, Flávio colocou seu chefe de gabinete, Miguel Angelo Braga Grillo, como vice-presidente estadual da legenda. Juraci Passos dos Reis, funcionário do escritório parlamentar de Flávio no Rio era o primeiro secretário, enquanto Valdenice Meliga foi a tesoureira-geral —em paralelo, ela era presidente do diretório municipal do PSL no Rio.

Todos os assessores figuram na lista de pessoas investigadas pelo MP (Ministério Público) do Rio no caso Queiroz e tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça em abril. Os promotores apuram a prática de rachadinha —repasse de parte do salário de assessores— no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), tendo Fabrício Queiroz como uma espécie de operador, conforme indicou relatório da UIF (Unidade de Inteligência Financeira), novo nome do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

As defesas de Flávio Bolsonaro e Fabríio Queiroz negam a existência de qualquer irregularidade no gabinete.

As investigações foram suspensas em julho, após o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, conceder liminar a pedido da defesa de Flávio interrompendo todas as investigações que usaram dados de inteligência financeira sem supervisão judicial. Ontem, o plenário do Supremo decidiu derrubar a liminar de Toffoli e referendar o compartilhamento de informações de inteligência de órgãos como Receita Federal, UIF e Banco Central com o MP e as polícias.

Também perderam espaço na direção partidária deputados ligados à família Bolsonaro, que devem acompanhar o clã no projeto de criação de um novo partido. Estão nesse rol o deputado federal Carlos Jordy e os estaduais Alana Passos, Anderson Moraes, Fillippe Poubel, Márcio Gualberto e Renato Zaca.